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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

?laeR

  Bom, até parece que eu gosto de errar... Mesmo quando estou fazendo o correto, cometo um pequeno erro, tropeçando numa pedra colocada pelo acaso, e caio do barranco. É triste, mas tem sua irônica e perversa diversão. Ou talvez meu senso de humor esteja muito invertido.
  Deveria até me irritar, mas não consigo mais. Só faço uma cara de diversão enlouquecida. O que é realmente terrível.

What's real?

Quando descobrir, eu aviso...

Entrelinhas

  A nossa vida é feita do subliminar, daquilo que é indireto. As verdades e o real estão contidos nas entrelinhas, no meio de textos exaustivos e terrivelmente longos de rodeios e blá-blá-blá. Mesmo quando há o desejo de ser direto, limitamos a nossa própria simplicidade ou talvez seja a sociedade, com seus conceitos de delicadeza, que nos acostuma a fazer tudo de um meio complexo e cordial demais, tentando evitar colisões com os outros.
  Então não haveria verdade alguma nos meus textos, se eles também não estivessem contidos nas próprias entrelinhas.

domingo, 27 de fevereiro de 2011


  As palavras que eu não digo são sementes para as palavras que escrevo.

Improvisação


  Há comigo sempre uma sensação de que eu não sei nada sobre nada. Do que adianta ser bom nesta ou naquela matéria, se eu faço cálculos bem ou escrevo bem, se eu não sei nada sobre o que é realmente importante, se eu nem sei o que é realmente importante. A perfeição... Quando enfim eu puder dizer que não mudaria em nada minha vida, meu eu, meus amores e amizades, então sim, eu saberei que atingi a perfeição desta vida. Mas e até lá?
  Já pensei que pareceria tolo, pois não saberia o que fazer, seja lá onde fosse ou quando fosse. Mas do que adianta eu me proteger, se estas situações só me ensinariam mais e mais? O jeito é parecer mesmo idiota e continuar indo em frente. Quando eu não souber mais como agir e estiver num breu profundo e palpável, vou avisar pra me guiar, até reencontrar luz. O jeito é improvisar... Nesse espetáculo maluco que é a vida, os melhores atores são os que não decoram falas, não se limitam ao roteiro que se repetiria por várias noites. Eles improvisam, fazem cada noite uma noite diferente, especial, são estes atores que conseguem se virar mesmo no escuro, mesmo sem falas e sem ensaios, são eles que fazem diferença, que são lembrados ao fim da peça.
  Eu quero aprender. Me perguntam se fico nervoso, se sinto medo ou apreensão. Respondo que não, sempre não. Mas é lógico que fico sim nervoso, eu sinto medo, muito medo e apreensão, fico preocupado, também.
  "Vê mais longe a gaivota que voa mais alto" Eu li em Fernão Capelo Gaivota, eu quero ser aquele que voa mais alto, porque eu quero ver mais longe, bem depois da linha do horizonte. E o único jeito de aprender é mergulhar fundo, sem restrições, nas situações que me aparecem. Depois eu posso me recuperar, eu volto ao meu normal, mas até que eu não queira mais a sereia, vou continuar a persegui-la, mesmo que no fim eu bata nos rochedos.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Eternidade


A eternidade dura poucos segundos. Na verdade nós vivemos uma sequência de eternidades interligadas por um fio fino feito das nossas escolhas. Aquele abraço gostoso de uma pessoa querida é uma eternidade para se desfrutar, aquele primeiro beijo de uma conquista é uma lembrança infinita dele, mesmo depois que chegue ao fim. Não deixe que suas boas memórias morram só porque o real já chegou ao fim, lembranças são o que fazem a vida valer a pena no final, não as manche com mágoas.
SamCromwell

Publicado inicialmente no NossoCaffeLatte, em 5 de Novembro de 2010

Antes da explosão


  Simplesmente te darei uma taça do mais doce veneno. Te deixarei no escuro. Ou talvez acenda velas. Você conheceu meu lado bom, aquele mais carinhoso e suave, agora é hora de sentir o lado mais frio e intenso. Talvez você goste...
  Já sabe que eu funciono de modo gradual. Grau a grau até a temperatura do Sol. Mas vez ou outra ocorre uma explosão. Então talvez eu esteja estendendo o silêncio da calmaria antes da tempestade. Estou implantando a serenidade, para que ocorra a explosão... Acionando a combustão.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Onde está você agora?

  Maybe I want you. Maybe not. I am not sure. Yet.

  Talvez eu ainda te deseje porque eu sempre quero a fruta mais amarga. Mas não tenho certeza. Talvez eu simplesmente seja ambicioso demais. Sem um motivo real, escolho sempre as mais espinhosas roseiras para recolher flores.
  Ou talvez não tenha me satisfeito com os petiscos, e queira todo o banquete desta vez... A paciência é uma virtude que, talvez infelizmente, eu possuo. De um modo ou de outro, eu aprecio o perigo, eu me observo enquanto estou a me arriscar, bailando na beira do abismo. Louco? Talvez. Ou melhor, com certeza. Por inteiro, em cada fio de cabelo, completamente louco.
  Assim como Ulisses, eu quero ouvir o canto da sereia, mesmo que ele me leve a perdição. Me prendo à bases firmes, à lógica e à indiferença, mas ainda assim, é um risco... que eu gosto de correr. Talvez plagiando nestas próximas palavras, roubando palavras de uma escritora homônima, 'arranjo desculpas para manter a fruta no liquidificador, e não promovê-la à jarra de cristal...'(Sam Albuquerque).
  Incito teus sentidos, um toque, um olhar, apenas para assitir suas reações, como uma ave rara num zoológico. Mas de algum modo, sem gaiolas. Se vai, mas volta, como um gato sem dono. Ou uma gata... E me divirto com a capacidade que tens em ignorar isso tudo, jogando um xadrez tão bom, ou até melhor que o meu.
  Mas já disse Caetano... "E se ela de repente me ganha?" Nunca estive atrelado à isso tudo, ou talvez estivesse apenas dentro de um furioso redemoinho, esquecendo que estava amarrado com uma corda, podendo a qualquer momento sair de lá. E eu saí, não saí? Só que, apaixonado pelo perigo, pulei de volta, dentro do olho do furacão.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

De um plebeu qualquer

  Tome minha criatividade, ela serve aos seus propósitos. Leve minha confusão, ela serve de combustível. Pegue meus olhos, minhas mãos e minha mente, todos servirão com humildade e obediência.
  Aliás, me leve por inteiro, para que eu não fique em pedaços. Só não deixe de me levar contigo, aonde quer que vá. A frieza da minha existência é a estufa dos meus sentimentos aprisionados, minha caneta só os deixa se libertarem em forma de palavras, pois eu não posso combater nem controlar o que sinto, mas posso escolher como irei escrever para me libertar dessas emoções.
  Transformo a melancolia e a raiva em palavras bonitas, em frases com ou sem sentido que outros irão apreciar como a arte singela de um plebeu qualquer. Mas talvez algum dia, essas palavras bonitas cheguem à corte e os nobres ouçam por outras bocas as frases que eu criei, ou talvez meus desenhos incompletos atraiam a atenção de um rei qualquer, e talvez eu mesmo me estenda a mão para me tirar do anonimato.
Sam Cromwell, The Man of The Iron Mask ³³

Just The Way You Are... ♫

Oh os seus olhos, os seus olhos...
Fazem as estrelas parecerem que não têm brilho.
Seu cabelo, seu cabelo...
Recai perfeitamente sem ela precisar fazer nada.

Ela é tão linda,
E eu digo isso pra ela todo dia.

Sim eu sei, sei.
Quando eu a elogio,
Ela não acredita.
E é tão, é tão...
Triste saber que ela não vê o que eu vejo.

Mas sempre que ela me pergunta se está bonita,
Eu digo:

Quando eu vejo o seu rosto
Não há nada que eu mudaria
Pois você é incrível
Exatamente como você é
E quando você sorri
O mundo inteiro pára e fica olhando por um tempo.
Pois, garota, você é incrível
Exatamente como você é.


Seus lábios, seus lábios
Eu poderia beijá-los o dia todo se ela me permitisse
Sua risada, sua risada
Ela odeia, mas eu acho tão sexy

Ela é tão linda
E eu digo isso pra ela todo dia

Oh você sabe, você sabe, você sabe
Eu jamais pediria para você mudar alguma coisa
Se a perfeição é o que você busca
Então continue assim.

(Bruno Mars)

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Elenco


  Nossas pontes estão interditadas. Estamos separados por vidros escuros e paredes à prova de som. Não a vejo, nem a ouço, nem encontro numa tela as tuas palavras. O destino calou-te a boca, fechou teus olhos e vedou teus ouvidos.
  Para que minhas decisões sejam só minhas, por mais que te envolvam. Para que as minhas declarações traidoras e minhas interpretações confusas não estejam batendo à sua porta. Desse modo ficarei pesando meus futuros e minhas escolhas, testando o resto do elenco. Coloquei a bailarina para fora do espetáculo, para reescrever a peça quase que por inteiro, pois recomeçaremos neste próximo amanhecer, este eterno espetáculo.
  Diabólicos amores, difíceis decisões, rotinas intensas e imprevisíveis. Nossas histórias e as deles, e as delas, se entrelaçam. Complexo enredo retratando este ensaio de vida. Vida. Não há nada mais complicado que a vida.
  Mas não podemos retroceder, ou corrigir. Só podemos continuar improvisando. Sem ensaios, sem testes, sem repetição. Já sem saber quem é protagonista e quem é coadjuvante.

Extremismo

  Sem ter nem um pouco de equilíbrio, dispensam ações necessárias, respondem sem cautela, agem sem pensar ou pensam sem agir.
  Esquecem que balancear é importante. Esquecem de editar os pensamentos, moldá-los para o mundo entender. Esquecem que seus pensamentos confusos, parecem amorosos ou furiosos demais, pois mais ninguém mistura todas as emoções e guarda num baú. pois ninguém isola os problemas, para lidar com eles de uma vez só. Esquecem que são únicos. E que seus dilemas são únicos. Solitária e solidariamente por si mesmo, torna-se incompreensível, terrível e trágico.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

De mão em mão

  Passe tanto tempo olhando para uma fruta sobre a mesa, e uma hora ou outra alguém irá pegar e perguntar: "Tem dono?", mas aí você não saberá dizer se tem, ou se não. Mas ainda assim você irá querer tê-la para você, mesmo que não deseje comê-la.
  E se ela passa de mão em mão, aí você sente ciúme, mesmo se não fosse pegá-la de qualquer modo. Você espera que ela venha para você, mas ela não vem. Você estende a mão e ela se evade. Mas basta dar as costas para que ela venha para você. Não quero ser Tântalo. Nem cair no jogo da coquete. Mas...
  Faz parte do ser humano, faz parte, faz parte, parte. Agora.

e se eu não ganhar?

"  Denny pensou por um momento.
   -- Mas... e se eu não ganhar?
   -- Não há desonra em perder a corrida -- Don falou. -- Desonra é não correr por medo de perder. -- Ele fez uma pausa. -- Agora volte para o seu aluno e volte para a pista! Esse é o seu lugar!"


De A arte de correr na chuva, por Garth Stein

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Mas não seria verdade

  É claro que eu poderia dizer: "Eu te amo", mas eu não amo, essa é a verdade. Talvez eu te odeie e não saiba ainda. Mas independente de qual seja o sentimento, é forte o suficiente para que eu fique viciado nele, para que eu a deseje sempre.
  É uma tolice fixada ao meu íntimo agora, uma irônica satisfação de ter ciúme de você ou de vê-lo nos seus olhos. A expectativa durante o dia, o relembrar durante a noite. A admiração que tenho por suas caras e bocas, e bocas, e bocas. Uma luxúria perversa. Uma ira de mim mesmo, que alivia quando sou mau contigo, ao mesmo tempo em que é também um remorso que alivia quando te faço rir. Eu te quero e te recuso. Te nego, antes de revogar minha decisão. É fácil acompanhar sua felicidade num lugar à meia-luz, ou fingir que não te desejo quando nos vemos por aí, em meio a multidão.
  O ar estica e se comprime, segura a respiração, quando passo perto de você. Tudo ferve quando te olho nos olhos, vejo-os brilhar.
  Mas sem me ligar a você, enquanto olho também pro outro lado, não posso dar mas nem um passo, para dentro da escuridão.

Nós

  Veja... nem tudo na tua vida é tristeza, mas nem tudo é felicidade. Veja, você me perdeu, mas nem por isso eu desapareci. Veja, eu não estou indo embora, mas não quer dizer que eu não posso ir.
  Eu não estou me afastando, e você pode, sim, fazer algo além de me ver ir embora. Já disse que a vida dá voltas, mas isso não impede que haja atalhos no caminho.
  Tenho a impressão que você não percebeu o quanto tinha em mãos até deixar cair. E para intensificar seu remorso, o amor diabólico, quando se foi, trouxe a punição divina no lugar. Seu anjo simplesmente evaporou. Mas isso não significa que ele deixou de existir completamente, em algum lugar bem lá no fundo, ele ainda quer voltar pra você, mesmo sem saber se seria saudável.
  Só que não há apenas um ser vivendo aqui dentro, e os outros têm interesses muito diferentes daquele que você conheceu, que tirava a máscara e te deixava ver dentro dele. O inocente Sr. J. teve sua chance, mas quem está no comando sou eu, agindo da maneira mais intensa possível, te ferindo e te consolando, encantando e iludindo, sem ter nenhum objetivo concreto senão viver.

Não apague a luz

 E quando terminar seus trabalhos e esgotar suas idéias, pode ir, mas não apague a luz, para que outros possam criar também.
Quando a tristeza tomar conta de sua alma, não apague a luz, nem ouse chorar no escuro, suas lágrimas são como preciosos diamantes, elas irão limpar teus males.
Quando desistir da espera, não apague a luz, para que aqueles que te procuram possam, ainda assim, encontrar a ti.
E dentro de ti mesmo, quando se unir às estrelas, jamais apague a luz, para que todos possam te admirar no céu noturno.

Pecados no escuro


   Eu já perdi o rumo. Saí da estrada. Dei a volta mais de uma vez. Mas saiba que onde quer que eu chegue, não importa quanto tempo leve, tudo irá mudar.
   Talvez eu esteja perto agora, talvez ainda esteja muito longe, fazendo coisas erradas. Não sei, nem quero mais. Prefiro continuar no escuro. Assim cada toque será seu e as vozes sem rosto podem ser seu sussurro distante. Cada uma que eu segurar a mão talvez seja você, talvez não, mas irei saber quando encontrá-la. Desse modo não haverá olhares reprovadores para os meus erros, nem testemunhas dos meus pecados, eu lidarei com eles quando chegar a hora. Assim também cada boa ação que eu fizer terá sido anônima, porque afinal eu não sou herói, nem tampouco vilão, eu ando sobre a linha tênue que divide os dois lados, tendo meu livre arbítrio para praticar o mal e o bem quando me convier.
   Não terei códigos para me impedir de traí-la antes de conhecê-la. Talvez eu gaste toda minha cota de pecados antes de me doar por inteiro para ti. No mais, talvez ninguém saiba que fui eu que estava pecando no confessionário. Talvez, talvez.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Life take turns

  Não sei... Só caminhar, encontrar, não ver resposta, suspirar, cansar, olhar, admirar, continuar vazio, se sentir sozinho... Não é pra mim. Mas prever, testar, e aí então encontrar, surpreender, sorrir, acompanhar, fazer rir. Isso sou eu.
  Entro e saio tão fácil que ignoram minha ausência, se adaptam à minha presença, como um ser invisível, uma guarda fiel sempre a postos. Pois afinal nunca sou eu de verdade. Nunca há entre os 'meus' quem queira falar do que eu realmente gosto... Procuro os apreciadores das letras, aqueles que têm músicas favoritas em comum, quem algum dia possa ter tido os mesmos problemas, que compartilhe, mesmo que lá no fundo, as mesmas idéias... Mas mesmo assim, não encontro. Então nada há o que fazem além de ser um gato entre os pombos.
  Não encontro meus sócios no crime, que goste de desvendar segredos, de procurar as respostas até encontrá-las, agir igual a Poirot. Enfim, olhando assim, sem realmente me envolver, de fora, dá para perceber facilmente que a vida dá voltas. Assim como a terra gira, os ponteiros no relógio giram, e nós damos a volta no sol repetidas vezes... O que aconteceu uma vez, volta a acontecer, de uma maneira apenas diferente.
É só. Life take turns.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Green Light (8)


Me dê sinal verde
Me dê por apenas uma noite
Estou pronto para ir agora
Estou pronto para ir agora

Estou pronto para ir agora
Estou pronto para ir agora

Eu vejo você passar, estou verificando o seu sorriso
Trabalhando nas suas costas como se ela estivesse fora de moda
Balance um pouco mais rápido
Agite um pouco agora menina
Morrendo pra te encontrar, então vamos ficar à toa
Tenho uma obsessão de nos ver deitados
Vem um pouco mais perto
Só preciso de permissão por isso ...

Eu tenho uma namorada? Tecnicamente não.
Se você for minha namorada, então eu vou fazer que
Você seja minha única e verdadeira amante
Nenhuma concorrência, nada de outras
Baby é pela a emoção da caça
Mas eu tenho uma sensação de que estou ganhando essa corrida!
Baby eu estou muito próximo
Só preciso de permissão por isso então
 

Eu quero o seu sinal verde
Quero ver como você dança
Mas se eu posso ser seu amigo e
Ajudá-la a estudar e conseguir deixar sua cabeça em ordem

Eu posso, é só me dar um sinal verde...

Encostar na Tua (8)


Eu quero te roubar pra mim.
Eu que não sei pedir nada.
Meu caminho é meio perdido.
Mas que perder seja o melhor destino.
Agora não vou mais mudar.
Minha procura por si só.
Já era o que eu queria achar.
Quando você chamar meu nome.
Eu que também não sei onde estou.
Pra mim que tudo era saudade.
Agora seja lá o que for.
Eu só quero saber em qual rua a minha vida vai encostar na tua.

Entre furacões


É tão difícil.
 Entender seus sinais.
Ler seus sorrisos, seus olhares.
Interpretar suas saídas e entradas.
Compreender suas palavras, seus desejos.
Não há distinção entre o que você gosta e desgosta.
É tudo sem sentido e sem direção, como se estivesse jogado entre dois furacões.

No risk, no glory

Mil maneiras eu imaginei.
Uma a menos do que deveria, mas precisava ser, pois uma coisa nunca acontece duas vezes do mesmo modo.
De relatar, de me aproximar, de vir a ser o que deveria.
De confessar.
Para explicitar meu desejo e minha aflição, minhas dúvidas.
De declarar, mesmo sem saber se as cartas sem nome seriam mesmo para mim.
Ter pressa sem saber em que lugar irei chegar. Sem saber por que me apresso.
Mas afinal, não tenho nada a perder.
Sem risco, não há glória.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Fúria

 Pela primeira vez eu não quero dar o primeiro passo. Não quero ser eu a convidar para dançar. Não quero sorrir e sorrir e olhar e brilhar por dentro. Minha alma está nublada demais para que meus olhos brilhem por alguém agora. Na verdade, pela primeira vez eu quero parar de sorrir para aqueles que não gosto, quero dizer em alto e bom som: "Eu quero que você vá pro inferno!". Quero parar de me adaptar e ir e vir e chamar e seguir. Quero estar só comigo e ter alguém que me chame, não o inverso. Quero esquecer minha indiferença, jorrar minha raiva, rir meu riso e desprezar todos e tudo com meu desprezo acumulado, aquele que eu seguro pelo meu hábito de gentileza. Quero jogar minha delicadeza no lixo e tratar com grosseria o mundo todo por um dia. Quero parar de competir silencioso por coisas e pessoas que emanam frieza ou espelham um vazio de sentimento. Quero olhar nos olhos daquela com quem minhas palavras falham, gritar até perder a voz, mandar que se expresse claramente. Que diga "nunca!" ou "aqui e agora!!!". Não quero ser esperto, não quero ser a lógica, quero ser o simples e puro instinto, bem animal, bem direto, bem furioso, sem hesitação.

Divisão

Eu quero muito. Eu quero mais. 
Eu quero tudo. De todos, de todas. 
Eu quero todas. Eu quero muito de cada. 
Eu quero demais. 
Mas ainda assim quero dar-lhes o valor devido. 
Dar a parte de mim que pertence a cada. 
Como decidir essa divisão? Entre tantas e entre tantos rolos.
Se estou enrolado sobre, sob e entre mim e elas.
Se eu quiser me repartir em igual lhes daria o que quiserem.
Mas então não vai restar nada de mim para mim. 
E eu preciso de mim pra viver...
Que ambição venenosa essa que me corrói por dentro.
Pessoa terrível sou para ter tanto querer por tudo.

Use somebody (8)

Eu venho perambulando por aí
Sempre menosprezando tudo o que eu vejo
Caras pintadas, preenchem os lugares que eu não consigo alcançar


Você sabe que eu poderia ter alguém

Alguém como você, e tudo que você sabe, e como você fala
Incontáveis amantes por baixo do pretexto da rua


Você sabe que eu poderia ter alguém
Alguém como você


Fora da noite, enquanto você vive, eu estou dormindo
Sacudindo guerras para chacoalhar o poeta e a batida
Espero que isso irá fazer você notar

Alguém como eu

Hurry!

  Uma, duas, três vezes imagino que há alguém chamando. Como um fantasma de alguém, uma lembrança, uma memória, ou um sonho acordado. Algo que eu desejo. Nesse exato instante. Algo concreto. Chega de galanteios, chega de amor, minha vida já é e já está confusa o suficiente sem isso. Não é amor e eu poderia até dizer "ainda não". É mais.
  Já me basta de tantos amores inversos. Já cansei de ter Eros rindo de mim, me seguindo e disparando suas malditas flechas em tantas ao meu redor, tirando a sorte, amor, ódio, ódio, amor. Eu não quero mais pensar, já basta de pensamentos. Parece que tenho uma multidão discutindo dentro da minha cabeça, mas por que discutem eu não sei, se todos querem a mesma coisa. Sei que me enganei no passado, mas é isso que ele é... PASSADO. O que houve antes acabou, e eu sei que aquilo não é o que eu quero, o que eu quero é você, e quero agora!
  E não basta que me digam que isso está certo. Quando aquelas pessoas em volta olham e dizem que parecemos tão bem... Que me segure com as mãos e com as palavras, sem querer me dividir com ninguém, como se eu fosse desaparecer num instante qualquer.
 Mas eu não vou desaparecer...
                Não sem te levar comigo...

Enquanto todos dormem

  Não houve sonhos contraditórios... Talvez eu simplesmente não tenha realmente sonhado... Os sonhos estariam fora do controle do meu consciente, me levariam a lugares que eu não quero ir com pessoas que nem ao menos importam. Ou talvez, num raro estado de equilíbrio, meu subconsiente quis satisfazer minhas vontades. Se antes de dormir pensava em ti, continuei a pensar enquanto dormia, e acordei contigo na minha mente.
  Talvez não tenha ninguém para me ouvir, ou ler, não importa, nunca importou realmente.Talvez eu escreva simplesmente para mim, ou esperando que você leia, já não sei mais. Está chuviscando lá fora. Quase ninguém dá a mínima, porque já viram isso muitas vezes, ou talvez ainda estejam sonolentos, mas para mim sempre é importante, a chuva me faz sentir bem, eu gosto dela.
  Tudo em volta está quieto, todos dormem. Nem sei o motivo para estar acordado... Parece até que chove aqui dentro e lá fora, pois quando escrevo, o bater dos meus dedos nas teclas imitam o batucar da chuva.
  Estou devaneando novamente, escrevendo coisas sem sentido para satisfazer algo dentro de mim que eu ainda desconheço ou não reconheço.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Que tu queres?

Hey... Beija-flor, o que tu fazes por aqui, Colibri? Zanzando no meu jardim... Dizes neste teu canto assobiado, com tua voz fina e harmônica, o que tu queres, se teu ninho negas a fazer aqui.
Te vejo de canto de olho, um reflexo brilhante passando sobre minhas rosas. Me rodeia, me cochicha e se vai. Me canta, me encanta e me afasta. Me segue, some e reaparece como um fantasma colorido em preto e branco. Conta a verdade, abre as cortinas e me livra das minhas dúvidas. Deixa de mistério. Que tu queres, colibri?

Louco?

Este existir está tão perto, mas tão longe... Há um redemoinho de receios e anseios entre o agora e o que está por vir. A correnteza me leva naquela direção, mas quando estendo a mão, ela me traga de volta... Devaneio sem querer, quando acabo afundando nessas memórias e nesses desejos. Parece que nem sei nadar, meus braços e pernas estão pesados como chumbo, mas nem sei o quão pesado é o chumbo, talvez eu esteja ficando louco. Minhas memórias me levam nas batalhas que travei, figurativa ou literalmente...


 De repente estou no tatame, estou vestido para a luta, mas no momento em que avanço estou novamente sentado numa cadeira, debatendo, ou num lugar afastado, seduzindo...E 'literalmente' eu revivo as minhas tantas existências no corpo de personas fictícias, numa ou outra série de livros, ou estou encarando um desenho semi-pronto, mas ainda falta vida nele, por mais que tente, nenhuma das linhas e curvas que traço com meu lápis dá o sopro de existência na minha criação... Agora tenho quase certeza que estou louco, pois assim como Sofia na frente do espelho, eu me pergunto "Quem sou eu? Você sou eu? Ou eu sou você? Não, não, tenho certeza que você não sou eu, mas talvez, apenas talvez, eu seja você." Mas mesmo olhando as minhas semelhanças com o reflexo, não consigo acreditar e recuso, esse não pode ser eu.


Como um carteiro-poeta, fico olhando cartas vagas e sem destinatário, imaginando... "Esta é para mim? Ou não? Será que esta é?" As mensagens trazem palavras e idéias que eu quero ouvir, mas que já não sei a quem estão endereçadas...


Por isso acho estar ficando louco, mas talvez tudo isto seja um sonho dentro de outro, e eu nunca irei acordar...

Contra a chuva cinzenta


Sorria, está chovendo, está esfriando. Esta carruagem de metal está navegando sobre a pedra e a água me levando pra longe de você. As gotas de chuva se esgueiram pelas janelas, saltam e caem no chão, onde ficam dançando, de um lado ao outro, se unindo e se separando. Ouço o som delas se jogando contra o vidro, estou recostado contra a parede gelada de metal. Não há muitos aqui dentro, a maioria desceu em meio ao aguaceiro. O ônibus  cambaleia, seguindo em frente, para dentro da tempestade de água.
Já estão se formando rios no asfalto. Há uma cachoeira do lado de fora da minha janela e estou sozinho, vendo a rua por entre os fios velozes de água. Há tanto em que pensar, mas eu não quero pensar. Eu quero agir, viver o presente. As nuvens estão tão brancas ao longe, mas estão tão escuras sobre mim... É como a beleza que se apresenta, mas pede para que eu vá em direção a ela. E eu vou. Mas neste gingado em meio à chuvarada, meu avanço é tão lento... O motorista fica cauteloso, a chuva é tanta que não vejo muito a frente. Ele também não deve estar enxergando, então vai mais devagar, enquanto eu só quero que ele corra. Desejo que ele pise fundo e avance rápido e cegamente para dentro da nuvem d'água que está na nossa frente, que estejamos contra a chuva tão intensamente quanto ela está contra nós, mas sei que infelizmente isso não será possível, e então só me resta esperar...

Real inutilidade

Quando estou irritado.
Meus sonhos são inúteis, são chatos, pacatos, cansativos.
Quando estou apaixonado.
Minhas belas palavras são inúteis, são exaustivas, fracas, inexistentes.
Quando estou confuso.
Minha mente pára, meu raciocíno veloz perde a força, minha atitude desaparece, se esconde.
Quando estou com raiva.
Minha paciência tão extensa parece curta, o pavio longo acende uma carga grande demais de explosivo.
Minha paixão de nada vale quando eu acho que há muito em jogo.
Por mais que eu tente, parece tão difícil acionar aquele botão conhecido de indiferença.
Meu sorriso vazio, tão convincente, tão familiar, tão usado, fraqueja.
Minhas mãos, sempre afastadas da ajuda alheia, que nunca procuram ombros amigos, vagueiam no ar, buscando apoio, mas os olhos, cegos, as enganam.
Meu senso some, os sentidos ficam enlouquecidos e, tão raramente quanto a lua e o sol bailam no céu juntos,  eu fico perdido.
Toda minha iniciativa afiada, aguda e decidida, recua como uma faca cega na mão de um velho cansado.
Onde está minha inteligência, minha esperteza, quando a criança tola, escondida num recanto longínquo na minha mente, toma conta de tudo.
Odeio ser fraco, me odeio quando me deixo tomar pela fraqueza. Eu sempre vivi entre gigantes, um duende inocente no meio de gigantes vulgares e egocêntricos, aprendendo mais rápido do que poderiam imaginar, me tornando mais, brilhando entre as estrelas, me destacando dos modos que podia, para não ser esmagado.
É quando eu estou vulnerável. Quando simplesmente, num deslize, deixo à mostra meu calcanhar de Aquiles, que tudo que eu aprendi, todas as forças, manhas e habilidades, mostram sua real inutilidade.

Pensamentos confusos

"Crie seu futuro, viva o presente, não ignore seu passado, pare de pensar, aja, não seja uma criança tola, você não é assim, eu sei que não, eu sou você, já fez isso tantas vezes, por que não consegue agora? o que te impede? Pare de perder chances, pare de perder tempo, o que você tem a perder? Seja o agora, você não existe para hesitar, você sabe que está correto, sabe que vai dar certo, mas ainda assim tu paras, hesita, pensa, quando só deveria agir, esquece teus receios, o tempo não pára, ele não espera, você sabe disso, eu sei, também. Acabe com o sonhar, a vida é agora, então... faça." - Pensamentos confusos, discussões internas de alguém perdido.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Esperando pelo tempo presente.

   O acaso me disse.
       Disse que não há.
           Entre todos os tempos.
               Tempo melhor que o presente.
                   Quero ter meus desejos realizados.
                        Desejo que meus anseios se completem da forma que eu quiser.
   Quero esquecer da gramática e da realidade. Preciso que eu mesmo faça o que não tenho coragem de fazer.
       Meu passado é meu presente que passou. Então espero que meu futuro chegue a ser meu presente.
            Nesse momento tem de haver como acontecer. Tudo que deve acontecer.
                  Até lá estarei esperando o tempo presente.

E então...?

  E quando falta o sorriso..? As pessoas o esperam, a situação necessita dele, mas todo aquele estoque de sorrisos sem real alegria, tão convincentes, acaba?
  E quando a felicidade interna falta, mas o raciocínio diz "sorria". Você quer sorrir, sabe como ordenar o sorriso, mas o coração não tem aquela reserva pequena e econômica de felicidade para fazer os olhos brilharem um pouco, para tornar aquela máscara algo verossímil.
  E então...?

Sonhos ou Memórias

Eu estava sonhando...
Ou talvez fosse somente
Uma memória há muito esquecida...
Um sonho...
Uma memória...


Coisas lembradas
Quando um está dormindo...


Coisas esquecidas
Quando o outro está acordado...

Onde as camadas mais profundas
Da memória de um...
Tornam-se as camadas mais externas
Dos sonhos do outro...
Qual é a realidade?
Quais são as ilusões?

Um não pode dizer até que
O outro desperte...
Ou talvez eles sejam,
Ao mesmo tempo, ambos,
Verdade e ficção...
Uma vasta nebulosa...
Sem limites ou fronteiras...
Um completo vazio equivalente
À minha própria existência...



Eu sonhei esse sonho...
Um longo...
E eterno,
Sonho.


Tirado de Xenogears, "A história de um homem...  E incontáveis outros homens..."



quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Sem Mas

 Estava lá, mas não estava. Duas chaves na mão. De uma delas já tinha experimentado o doce e o amargo, era viciante, intenso. Mas da outra, era tão mais... constante, carinhoso, mais, só mais. É estar apaixonado duas vezes por pessoas diferentes, totalmente distintas, ao mesmo tempo, tolamente. É cansar de pesar, de pensar, de cansar. É remoer os dois amores como frutas amargas. Seria tão mais fácil se fosse o tolo amor platônico, de um único objeto de adoração, uma única mulher, uma única fruta, seria doce.
  Alguns veem a combinação perfeita num par, mas... é aí que está, já não sei mais o que há depois do "mas". Acho que por mais que uma experiência tenha sido boa, não há nada que me prenda ao que passou, portanto, o "mas" perdeu o sentido.