Algo que muito me aborrece é a situação da raça humana. Nós, seres capazes de alterar o fluxo do mundo estamos restritos a rotinas sem cor, ciclos viciosos e intermináveis de exaustão física e mental.
A humanidade foi capaz de erigir pirâmides, extinguir raças, criar ilhas, construir prédios altos o suficiente para tocar as nuvens. O bicho homem mostrou-se capaz de criar as próprias asas, as próprias nadadeiras, as próprias armas e agora parece estar estagnado num buraco cavado por ele mesmo.
Como é possível que os seres mais poderosos desta terra estejam resumidos à busca interminável por algo tão fútil quanto dinheiro? Deixamos de ser os gênios criadores que abriram a mente para perceber as ondas, o calor, a luz e a eletricidade e voltamos a ser macacos estúpidos, fanáticos por pedaços de papel colorido.
Como o homem pode ser tão primitivo ao ponto de caçar a si mesmo por "ideais" esdrúxulos, padrões ridículos sobre a quem se deve amar, que figura fictícia deve-se idolatrar, que terra habitar.
E falo mesmo figura fictícia, pois do meu ponto de vista já é mais que hora de evoluirmos. Não, eu não creio em Deus ou qualquer coisa parecida. Eu creio no ser humano. Creio na humanidade... Mas ela ainda não crê em si mesma.
Duzentos anos atrás, tudo aquilo que hoje chamamos tecnologia e usamos com tanta naturalidade seria chamado de bruxaria. Diante dessa perspectiva, como é possível que o único ser neste planeta capaz de desvendar os segredos do universo se permita baixar a cabeça para uma ideia tão tradicionalista como a religião? Como deixar em aberto as perguntas que os filósofos de dois mil anos atras já se faziam? Como fechar os olhos diante do longo caminho que temos a seguir?
É tempo de mudança, mas a humanidade se encolhe com medo do avanço... Dando oportunidade para ódios infundados, medos incoerentes, velhos preconceitos. Já é mais que hora de perceber que quem menos sabe, mais teme. Portanto é hora de acolher a sabedoria e afastar o medo.
A carruagem do tempo continua na sua marcha ainda lenta e a humanidade permanece fitando as orelhas do cavalo. Já é hora de levantar os olhos para o horizonte, recuperando a perspectiva do universo infinito que ainda nos resta para desvendar.
Devemos voltar para a ponta dos pêlos do coelho e perscrutar dentro da cartola do mágico, pois há uma grande chance de nossas esperanças estarem ali no fundo.
É hora de dar o devido valor a cada coisa. Começando por tirar o valor superestimado dos pedaços de papel colorido em torno dos quais temos estruturado as vidas supérfluas que estamos vivendo.