Páginas

sexta-feira, 28 de junho de 2013

...

Eu sou um poeta incompreendido, só quero te ter, mas não consigo.
Você é um futuro do pretérito mais que perfeito.
E se eu paro para dizer que o seu lugar é aqui comigo,
É porque quando você se vai, me abre um buraco no peito.

Da entrega

"   Sua música não pára de tocar. Sua sombra não saiu da minha cama. Seu cheiro não saiu da minha roupa. E me sinto só.
   A noite ainda não acabou, mas o dia se finda ainda assim. Quem me dera ter o mundo nas mãos, para fechá-lo sobre nós dois, apenas. Que as vozes e os olhos alheios ficassem trancados do lado de fora. Que seja só minha. Para hoje, para amanhã e para o dia seguinte... Nos dias em que minha chama se confundir com o calor solar e nas noites em que eu seja um sol na sombra do lençol. Sob a chuva ou sob o cerúleo mais claro da aurora.
   
   Tome escrito o meu segredo:
   Sua entrega completa é o meu laço perfeito."

terça-feira, 25 de junho de 2013

Primeira do Singular

"Vós, que é minha inspiração, aprecia minh'alma d'água.
Vós, que é minha inspiração, ouve minh'alegria sem disfarce.
Vós, minha inspiração por completo, me transborda e, numa sede estranha, me preenche de palavras."

Descobri que o amor é mais que um simples estado de enamoramento, "o amor é uma filosofia de vida".
(Walt Disney)

...

   O álcool me desce pela garganta com um sabor doce e amargo. Uma porção de uma poção um tanto quanto alucinógena. Um licor dourado, gelado e espumante. Embaçando algumas janelas na minha cabeça, revelando outras, quebrando alguns muros.
   A batida hipnótica da bebida no meu sangue vai mesclando meus pensamentos e meus sentimentos, me tirando de perto e de longe a noção do que é racional. Me tornando nada mais que um animal cujo uivo atordoado se prolonga por frases escritas.
  A percepção nublada que me abre os olhos tem um clima Hemingwaydiano ou Shakesperiano. Uma reflexão rítmica aqui nesse quarto escuro. Desenvolvendo uma catálise ou uma catarse, sem que eu saiba distingui-las.
    Minha vida se estica e se contorce, como um arco tensionado... Uma arma sendo engatilhada para um disparo inflexível. Um tiro no escuro. Um golpe seco. Uma exclamação agigantando-se por sobre a maré escarlate.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Breu

E no breu da toca,
Resta, segura e intocada,
A ausência e a saudade
Dum corpo faminto e incompleto.

No fundo de um poço de carne,
Rubra pela intensidade
Da tranquilidade carcomida,
Borbulha a necessidade
De uma paixão adormecida.

Num átimo

Laços sem nós
Rubros e brancos e negros
Enrubescem sob os lençóis
E evanescem todos os medos

Cílios negros em piscadelas
Sobre poços profundos de desejo
Afogam-me nas águas dela
Quando - sem dó - entrega-se em segredo.


segunda-feira, 17 de junho de 2013

Pacto

 Tu és o meu Diabo
Que me marca com a tua marca santa
E me devora com tuas presas de besta fera

És cada elo da minha corrente
E se me come as folhas, brota de nova a semente
Salgada bebida pecaminosa

Me tens na ponta da língua
Que numa vibração aciona um botão
De carne e nervo a flor da pele
Botão em flor de pele
Ah, sim! Ah, não! Sim, sim!

Tu és o meu Fausto
Que me atiça com uma cara santa
E não serve a si mesma num banquete para matar-me a gula
Mata-me é de luxúria. Desvairada! Absurda!
Num apelo surdo emudece-me o pranto do corpo

És na lenda, a ninfa que mente
E se te passo a perna, passo a mão e um ofegar inocente
Posso ouvi-la! Lúbrica e desavergonhada

Não a tenho em todo momento
Mas guarde-me um lábio, um seio e um gole de seiva
Bebo-te! Devoro-te! Espere-me!
Que ponho-te em pedaços, para consumi-la de quatro bocadas
E ao final se rebele.
Ah, não! Ah, sim! Contra mim! Venha a mim!

Sem substituta

Não tenho seu beijo de lábios avermelhados, por isso procuro consolo em goles e mais goles de um copo cheio de ouro.
Não posso te rodear num abraço, por isso me deixo afundar nos lençóis frios.
Procuro em todo lugar o seu olhar, mas só encontro paredes sem a vida que brilha no seu azul.
O calor da sua presença não pode ser substituído por nenhum tom vermelho nesse cômodo escuro.
E nem mesmo sussurrar das músicas mais apaixonadas chega perto da sensação de te ouvir aqui comigo.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

À Neruda

Amor, devo confessar-lhe algo:
Antes de você, não havia incômodos em meu coração,
Meus lençóis aqueciam-me bem à noite,
Minhas mãos ocupavam-se com lápis e pincéis,
Meus olhos fotografavam o verde e o anil
Do campo em fim de tarde.

Amor, devo agradecer-lhe por corresponder-me:
Antes de você, só havia batimento sem graça em meu coração,
Meus lençóis eram apenas pedaços de pano,
Minhas mãos não possuíam vontades, desejos ou alívios,
Meus olhos eram lentes coloridas e sem brilho
De paixão, admiração ou lascívia.

Amor, torno-me subitamente feliz quando você está presente.
Com você, ponho de volta no lugar o pedaço roubado do meu coração.
Encontro-me, no abrigo de seu abraço.
Minhas mãos aquietam-se, finalmente, com os dedos entrelaçados
Meus olhos suspiram, aconchegados e brilhantes, imersos em seu olhar
De lagunas inquietas, tonalizadas em cerúleo.
A saudade dá lugar ao conforto.

Amor, torno-me resolutamente melancólico ao pensar em despedir-me.
Sem você, tateio o vazio oco e incômodo que se abre em meu coração.
Perco-me ao sair de seu abraço, mas você tem de ir.
- Não vá!
Minhas mãos vagueiam pelas dobras de roupa, agarrando-se a memória de seu corpo.
Meus olhos se recusam a ver, para guardar - nas pálpebras - sua imagem
De caracóis rubros, lábios corados e palmas febris...
A saudade me submete a suas consequências.
- Amor!
Antes de você não havia nada disso e, enquanto contigo, não há estorvo...
Mas sua ausência está afetando minha vida.

domingo, 9 de junho de 2013

"Amar é encontrar na felicidade de outrem a própria felicidade."
Gottfried Leibnitz

sábado, 8 de junho de 2013

Um momento de sabedoria, por Camões

"Amor é fogo que arde sem se ver;
 É ferida que dói e não se sente;
 É um contentamento descontente;
 É dor que desatina sem doer [...]"

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Nocaute

   Não foi uma flechada, como um olhar a primeira vista. Foi uma semente que cresceu dia a dia. Foi uma roseira cheia de vitalidade, tomando todo o espaço que podia. Foi um copo que é preenchido até transbordar. Foi uma fagulha tornando-se uma chama. Foi uma vela tornando-se um incêndio. Foi o vapor que forma a nuvem de chuva. Foi o amanhecer, vindo de ponta de pé. Foi nada. Foi tudo.
   Foi tudo isso, tão sutilmente que demorou a aperceber-se.
   A percepção veio só um passo a frente. Depois dela veio a certeza. E a certeza veio com fúria, com paixão, com uma força absoluta. A certeza o acertou com um gancho de direita bem colocado. Sem dó, ali no meio da rua. Bastou isso. Foi nocaute na hora.
   Nocaute de amor.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Perfect Mistake

Stop. Format. Erasing disc. System ready. Add passive emotions. Start intense emotions. Triggering logical reasoning and basic instincts. Eliminate doubts and hesitations. Repair mask. Choosing project. Restart.

Mais um ano chegando ao fim. Outro ano. Sem problema, ainda tem muitos pela frente. Tanta coisa aconteceu. Comecei esse ano com uma turma e terminei com duas, nem todo mundo consegue esse feito (H). Tive novas experiências, fiz coisas diferentes, fui eu. Saí mais, fiz coisas novas, loucuras novas, fui feliz sendo o louco. Conheci pessoas novas, muitas pessoas novas, para ser franco. Perdi algumas pessoas, por terem se afastado, ou por terem se irritado. Inovei minhas ações, minhas amizades, meus amores. Criei um blog, coisa que eu já queria há muito, li muitos livros, assisti muitos filmes, conheci autores, blogueiros, participei dos eventos que antes eu ignorava, passei fins de semana com amigos de modos bem diferentes. Errei, claro, mas tive muitos acertos.
Superei minhas expectativas, me criei do zero novamente. Do novo humilde aprendiz, surgiu novamente um ser inteligente. Como cada novo dia, mês, ano, surgi novamente de dentro de mim mesmo, ainda mais experiente de erros e acertos que nunca foram meus. Envelheci por dentro da minha casca juvenil, escrevi minhas bagunçadas idéias. Novos lugares e pessoas surgindo da tinta que escorre pro papel, enquanto minha pena dança.
Minhas escolhas quebraram tabus que eu havia criado. Decidi fazer coisas que eu considerava terríveis, horríveis, mas que eu já não ligava. O prêmio era maravilhoso e atrativo demais para que os obstáculos me impedissem. No momento, o fins justificavam os meios. Recomecei planos parados, incitei paixões adormecidas, antes que novamente comessem a maçã envenenada. Então eles não significavam mais nada diante da paixão que me acometeu. Talvez instigado pelo poeta que havia descoberto dentro de mim mesmo, levei as palavras de outros tantos sábios poetas ao extremo e vivi uma furiosa chama. Tirei da fogueira as cinzas e fiz arte, fiz poesia, a poesia que nunca tinha parecido bela.
Uma ninfa abençoada com a ironia do destino. Tive então... Tenho então, que duplicar, triplicar e dividir o amor. Já deixei claro para todos os que me conhecem, sou louco por fora e por dentro. A loucura torna seus pensamentos mais claros, parte disso me fez prometer não manchar minhas memórias com infelicidade, e só porque 'acabou' não devo esquecer. Ao contrário, cada uma dessas lembranças poderosas me torna melhor, mais sábio, mais preparado.
A sutil beleza do gelo é poder ver o outro lado, mas nunca de um modo completamente verdadeiro. Funciono assim. A outra parte da beleza do gelo, é que, por mais que derreta, sempre há como congelar de novo, e o ciclo pode se repetir indefinidamente.
Uma das maiores sabedorias da vida, é não manchar o passado, mas lembrá-lo. Não sonhar o presente, mas vivê-lo. E esquecer o futuro até que ele se aproxime.
Uma vez, K(isara) disse: Eu vivo o presente e só penso nos próximos cinco minutos. Nada mais.

Portanto, 'I don't see my future, but I don't want it. It's much better to imagine it.'


Addio, Sam Cromwell


Publicado em NossoCaffeLatte em 21 de Dezembro de 2010

Não há culpa entre nós.

   Não há culpa entre nós, mas cumplicidade. Não há erro nestes arredores, pois a inconclusividade é apenas uma consequência dos inúmeros sucessos que compõem esse ainda tímido avanço. A entrega é pressuposto da lascívia, tal como a paixão é fim do pudor - por isso, então, a paciência é molde do desejo, curiosidade é instrumento de prazer e simplicidade é perfeição.

sábado, 1 de junho de 2013

Sobre amor, loucura e razão

No amor sempre existe algo de loucura e na loucura sempre existe algo de razão.
(Friedrich Nietzsche)

Um post inconstante - Parte um

Se essa rua fosse minha eu mandava ladrilhar com retalhos de ideia, daquelas muito brilhantes. Lá atrás daquela rua tem um bosque que se chama solidão. Fosse meu aquele bosque, enchia-o de fadas. Dentro daquele bosque mora um anjo que roubou meu coração. Mas foi furto consentido e nem ligo se ele me der o dele também.

Carpe Diem



"Minha liberdade é escrever. Meu reino entrelaça o tempo da narração. Minha vida carrego de linha e linha até o paraíso das coisas sem nome. No berço das palavras envelheço e morro. No berço das palavras renasço no começo do mundo... No berço das palavras recomeço tudo... No berço das palavras durmo mortal e acordo um deus...  "

Wellington Wanderley em A palavra é meu berço...