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domingo, 23 de dezembro de 2012

Conclusão


"E assim sabemos que não somos um do outro, porque eu só comecei a ser feliz depois de parar de seguir planos."

sábado, 22 de dezembro de 2012

Desencanto




    Perde o brilho, desvanecendo-se o encanto, com tanto carinho que esquece de expressar. E triste fico, a ver navios, quando gostaria de me deixar levar... Não é a fantasia hedonista que me motiva, mas a perspectiva de que no fim pode ser amor. Afinal, quem amou como eu já amei e que, sem mágoas, deixou partir acredita piamente que pode encontrar amor de novo, e outra vez mais. Equilibra-se com a mais pura felicidade de saber que é única cada uma, e que qualquer uma pode ser a verdadeira e última. Ainda assim, não sou de meios termos. Amor é um vão de duas portas, ou se abre dos dois lados, ou ninguém passa.
O desejo são os enfeites que te seduzem a olhar pela fechadura e do outro lado tudo que se vê é um par de belos olhos a te encarar de volta, daí que te baste. Abre a porta, ou guarda o tal amor no bolso.
    Daí então é inevitável, porque a única corrente que mantém a paixão do lado é uma dose diária de carinho, afinal somos todos gatos que morrem de desgosto se presos em cativeiro mas que, se bem cuidados, encontram sempre o caminho de casa.
    Faz-me um favor: manda-me embora de uma vez por todas, ou me convida. Tortura é ficar no sereno da noite, esperando na varanda por uma porta que nunca se abrirá.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Descaso

   Eu nunca neguei nada. Nunca me negaram nada. Nada. Nunca. A sede e o sono se confundem na ponta da minha língua, quando a cafeína erra o caminho nas minhas veias. Sonolento e sedento eu ouço... Há uma canção no ar, uma canção de adeus, uma canção de olá... Ela me diz que o que você me pede eu não posso fazer, replico que o que você não pode eu não vou te pedir...
   Eu vejo fins. Vejo erros. Vejo lacunas. Espero beijos, num piano bar. Espero que falte luz, espero um abraço no escuro, porque nesse fim de ano quero mais que o natal passado me deu. Gostaria de ter luzes piscantes para me abrigar na véspera do mais falso teatro do ano.
   Fraturo tradições, esperando que num dia desses, num desses encontros casuais, eu possa dizer: prazer em vê-la!
   Não fique pela metade. Vá em frente, minha amiga. Abra e feche a porta. Me deixe entrar ou me deixe sair, perdi as chaves. Seja sincera mais uma vez na vida, você se apaixonou pelos meus erros... Não somos o que podemos ser.
   Eu queria não me importar, mas quem se importa demais, tão fácil.. Não deixa escorrer pelos dedos sem arrependimento. Ao menos poderiam nos encontrar sem vergonha, com um sorriso embriagado num dos quartos dos fundos. Os engenheiros acertaram outra vez quando disseram que teus lábios são labirintos, que atraem meus instintos mais sacanas.

"Se eu tivesse a força

Que você pensa que eu tenho
Eu gravaria no metal da minha pele
O teu desenho"

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

...


"A saudade me consome como uma fome que eu não consigo saciar, me encontra, ou fico louco de vez."

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Foi por amor.


    Meu corpo está morrendo. Está morrendo e não importa o quanto ela tente me reviver, não é possível. Suas mãos percorrem meu corpo com toda a firmeza que sua pela suave lhe permite, mas o toque elétrico de seus dedos não conseguem retirar mais do que gemidos fragilizados dos meus nervos falidos. Eu tentei fazê-la desistir. Tentei explicar que meu corpo não duraria, independente do quanto ela tente mesclar sua clareza à rigidez escura que me torno a cada dia. Tentei dizer aos seus olhos azuis que logo não terei mais luz para ver seu sorriso. Ela não acreditou. Nem por um único instante. Mas é verdade. Sempre foi.
     Ela é pra mim uma estrela incandescente, como nosso abrigo é um porto aquecido no meio dessa planície gelada. Ela sempre foi. E nesses últimos dias tentei dizer que seus beijos me eram o paraíso, mas que minha tristeza aumentava a cada toque. Não por mim, mas por ela. Quis elucidar a tristeza numa risada, quando dizia que logo não terei vivacidade para provocar-lhe ciúmes sem fundamento; não funcionou.
    Ela era. Ela foi. Não, não.. Ela é. É tudo.
    Tentei fazê-la esquecer de mim. Quis mesmo afastar seu lindo sorriso e seus olhos profundos. Quis afastar suas mãos delicadas e seu entrelaçar de pernas brancas. Quis afastar sua pele que nunca vira sol forte e seus cachos de ouro. Não me arrependo. Mas sabendo que fracassei, espero que ela guarde de mim um pedaço quente e bonito, uma lembrança agradável. O oposto da criatura gélida, escura e decadente que me tornei. Espero que não me encontrem.
    De despedida deixei-lhe um beijo nos lábios adormecidos e uma rosa vermelha na cama solitária. Uma foto antiga pendurada na porta e um café com leite dentro do microondas. E parti. E aqui vou morrer e espero que ninguém me encontre, nunca. Que esse cadáver frio durma eternamente no frio. A neve está molhada, gelada, mas não sinto frio. Sinto calor, um abraço aconchegante e confortável. Sinto sono, aqui nesse monte de gelo, acolhido pelos braços da morte. Parto feliz. Espero que ela possa me perdoar. Não faria nada para magoá-la nunca. E o que fiz, fiz porque era necessário. Morro aqui, sozinho, escondido, cansado, mas feliz. Foi por amor.

domingo, 9 de dezembro de 2012

!


     É irracional, eu sei. Você não pode dizer com que razão se pode entender, mas você sente. É ilógico que possa ser tão errado e parecer tão certo. É maior que você, maior que eu... É muito maior que nós dois.
    Mesmo que não visse, sentiria seu sorriso aparecer quando você olhasse os girassóis no fundo da minha alma. Sua risada me deixa feliz e idiota; seu beijo na minha nuca acende chamas que não dá pra apagar.
   Te desejo e você sabe. Sabe também algo mais importante...

    Você sabe que sou o cara que te faz tirar a roupa.