Páginas

sábado, 30 de novembro de 2013

Ateísmo, Antiteísmo e Humanidade


“Para ser um cristão você precisa acreditar que por 98 mil anos a nossa espécie sofreu e morreu, a maioria das crianças morrendo no parto, a maioria das pessoas com uma expectativa de vida de 25 anos, com fome, batalhando, guerreando, sofrendo, tudo isso por 98 mil anos, enquanto os céus observavam com completa indiferença. Então, há 2 mil anos, os céus decidiram ‘já chega disso, acho que é hora de fazermos alguma coisa’, e a melhor maneira de fazer isso seria condenar alguém a um sacrifício humano em algum lugar da região menos instruída do Oriente Médio. Não vamos aparecer para os chineses, por exemplo, onde as pessoas sabem ler e estudar evidências e ser civilizadas. Vamos ao deserto e façamos outra revelação lá.
Isso não faz sentido. Não é algo que não pode ser acreditado por alguém que pensa.
Por que eu fico feliz que este é o caso? Para chegar ao ponto do que há de errado no outro lado do cristianismo, porque eu acredito que os ensinamentos do cristianismo são imorais.
O [ensinamento] central é o mais imoral de todos, o da redenção vicária. Você poder jogar os seus pecados em outra pessoa, o que é vulgarmente conhecido como ter um bode expiatório.
Eu posso pagar a sua dívida se eu te amo. Eu posso ir para a prisão no seu lugar se eu te amar muito. Eu posso me voluntariar a isso. Mas eu não posso te redimir dos seus pecados, porque eu não posso abolir a sua responsabilidade, e eu não deveria me oferecer para fazer isso. A sua responsabilidade precisa permanecer com você. Não existe redenção vicária.
Muito provavelmente não existe sequer redenção. Isso é apenas wishful thinking (NT.: Pensar que algo é verdadeiro só porque queremos que seja), e eu também não penso que wishful thinking seja bom para as pessoas. Isso consegue até poluir a questão central, a palavra que eu acabei de usar, a palavra mais importante de todas: a palavra amor, ao tornar o amor compulsório, ao dizer que você tem que amar. Você tem que amar ao seu vizinho como a ti mesmo, algo que você na verdade não consegue fazer. Você sempre acabará falhando, então sempre poderá ser considerado culpado.
Ao dizer que você tem que amar alguém a quem você também precisa temer. Um ser supremo, um pai eterno, alguém de quem você deve ter medo, mas também deve amar. E se você falhar nessa tarefa, novamente é um pecador imundo. Isso não é mentalmente, moralmente ou intelectualmente sadio.
E isso me traz à objeção final, que é: esse é um sistema totalitário. Se houvesse um deus, que pudesse fazer essas coisas, e exigir essas coisas, e que fosse eterno e imutável, nós estaríamos vivendo sob uma ditadura sem direito de apelação. Uma que jamais poderia mudar. Uma que sabe o que pensamos e pode nos condenar por crimes de pensamento. Nos condenar a uma punição eterna por ações que nós estamos fadados desde o início a tomar.
Por tudo isso – resumindo; eu poderia dizer bem mais – eu digo que é algo excelente que não exista absolutamente nenhum motivo para acreditar que nada disso seja verdadeiro.”

Citação de  Christopher Hitchens, traduzida livremente por Alex Castro, no vídeo que encabeça a postagem.

Declaradamente antiteísta, Christopher vai além do meu limite de concordância, no entanto, acho tremendamente válida sua opinião. Este "peso da culpa" tão presente no catolicismo, me é execrável. Também discordo de sua afirmação convicta da inexistência de redenção, mas encontro o meu próprio pensamento na sua comparação da vigilância divina e o Big Brother em 1984, de George Orwell.

Edição de gostos

"Nós, homens, temos uma adorável atração por mulheres imperfeitas. Primeiramente porque as perfeitas são artificiais, falsas, recicladas demais. Queremos mulheres realistas, que não achem que o mundo é uma série da Warner, bebem cerveja e que dizem “foda-se”."

Se são todos os homens, eu não sei. Mas eu com certeza tenho uma absurda atração por mulheres imperfeitas.

A Geração Save-Game

Não só Battletoads. Contra, Ninja Gaiden e Alex Kidd também. O que esses jogos tinham em comum? Não havia save game. Não dava para você dar uma jogadinha marota antes do colégio ou no intervalo do jogo. O que nos restava, no máximo, era o bom e velho password – que também era uma sacanagem, com números, símbolos e cores.
Eu devo muito da minha persistência e força de vontade a isso. A essa ética adquirida com os games. Não foi uma fase difícil do Contra e as poucas vidas logo na terceira fase que me fizeram desistir de chegar até o final. Muito menos as semanas tentando descobrir como passar com o jet ski do Battletoads que me motivaram a jogar tudo pelo alto. Nada, nenhuma dificuldade me motivou a pegar um atalho ou render-se a trapaça.
Hoje eu sou um cara bom.
Sou um cara justo.
E devo parte da minha educação ao vídeo-game.
Não sei o que será dos jovens gamers de hoje. Só espero que essa gurizada não se acostume com a vida mansa.
A realidade, acredite, é mais dura do que um bônus level com fase destravada e vidas infinitas.

Via Papo de Homem, em: http://papodehomem.com.br/essa-geracao-save-game/

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Musas Literárias IV

Polyana Moça, assim lhe fizeram novela,
Mas um livro só não bastava,
Fiz um poema para ela.
Inquieta, morena menina,
Por onde quer que passe,
O seu olhar risonho
A muitos e tantos fascina.
O Amor se vai ou se esvai, mas a Arte permanece.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Ela me coisou

Ela causou em mim.

   Ela causou com uma exclamação de paixão e uma interrogação de curiosidade. Com reticências, porque nem sei bem o que ela me causou.
   Ela causou em mim com um jorro de hormônios. Me encheu de serotonina, me encheu de dopamina, me dopou e me deu uma turbulência de adrenalina. Ela me causou um Pai Nosso, uma Ave Maria, um Auto da Compadecida (e meio).
   Ela me causou e me coisou com os doze signos do zodíaco, com as oito insígnias de um desenho infantil. E me deu uma flechada sargitária, com aquele olhar leonino; me quebrou como um aquário cheio de peixes. Me errei todo, embaralhei as letras. Nos agarramos de impulso, atrás de uma porta semiaberta.
   Ela foi a causa do meu marcapasso e até sairmos desse impasse, não sei o que fazer. Vou me calando, acalentando o coração e acompanhando a causadora dos meus sonhos mais insones, enquanto ela sorri com cara de beijo e ri na minha cara como um espelho.

   Um espelho feminino, com olhos castanhos, cabelos curtos e cheio de curvas de causar coisas em mim.

domingo, 24 de novembro de 2013

Musas Literárias III

Para que minha rima não se torne forçosa
E em respeito ao inglês cuja prosa
Fez famosos Hamlet e Macbeth
Será em peça e não em verso que falarei sobre Jullieth.
Se não é Romeu (Romeu!) o nome de seu amante e se não há em sua história o ódio dos Capuletos, não impedirá que se eternize esse romance e prove que o amor verdadeiro não está obsoleto.

sábado, 23 de novembro de 2013

Protesto amoroso por mais noites de prazer independentes de sexo

   Vá lá, minha vida amorosa é muito agitada, admito. Já tive muitas mulheres, muitas por pouco tempo, algumas poucas por um hiato mais longo - mas ainda assim, curto. Não me entenda mal, eu não quis tê-las. Nunca quis ter fama de (odeio essa expressão) "pegador".
   Eu me apaixonei por cada uma, cada uma a seu tempo. Amei algumas delas. Algumas continuo amando, não nego. De tal forma que muitas delas tornaram-se amigas próximas, outras são - ainda hoje - colegas de farra. Com outras tenho até casos inconclusos (que talvez permaneçam sem conclusão até o fim da vida).
    Mas estou escrevendo para expressar a minha frustração para com a paupérrima visão masculina e o aproveitamento quase nulo de tais aventuras por parte dos meus compatriotas de gênero. Permita-me fazer clara esta reclamação.
    Sempre que abro uma conversação com um amigo, falando de alguma paixão recente, um caso mais ardente ou semelhante, ocorre algo mais ou menos assim:
     
      "Cara, saí com uma garota ontem... Você não vai nem acreditar!"
     "Eita (ou qualquer exclamação parecida)! Conheceu onde?"
     "Faz umas semanas aí, começamos a conversar na fila da biblioteca (ou qualquer cena parecida)"
     "Ela é boa? (ou 'elogio' semelhante)"
     "Ela é linda, meu irmão, tenho nem palavras."
      "Mas e aí, comeu?"
      [Fim da conversa.]

     Não importa se fomos ao único restaurante verdadeiramente italiano em Maceió; se passamos horas regando conversa com vinho à beira mar; ou se competimos quem gritava mais num filme de terror classe B... Se não comeu, não vale. Essa parece ser a - estúpida, diga-se de passagem - regra para os círculos masculinos de amizade (com exceções, enfatize-se, ainda que poucas).
      Deixo este apontamento irritado, pois creio que simplesmente há uma supervalorização do sexo. O contato humano é muito mais que isso, a diversão pode vir de inúmeras maneiras, mas quem tem essa restrita visão está fadado a uma vida de noites de frustração, mentiras de bar e apenas pontuada de boas memórias, quando poderia ser uma sequência infindável de momentos inesquecíveis.
  
      Eu digo: Basta! Vivamos para encontrar e aproveitar todos os prazeres. Sejam eles da mente, sejam eles do corpo. No entanto, que sejam do corpo por inteiro e não apenas de um pedaço.

Musas Literárias II

Trago uma mulher mais Ariana
De uma literatura não mais amena
De sensualidade não puritana
E inscrevo o nome Lorena
Em meio sertão de corações masculinos
Pois seus olhares e sorrisos felinos
Os enlaçam como se fossem meninos
Com medo da mãe.

Musas Literárias I

Começo pela Ana Alice. 
Afinal, é a primeira da chamada
Ela não gosta da mesmice
E passa muito tempo calada.
Talvez nem saiba do próprio e insano passado.
De correr atrás de coelhos brancos e apressados.
Sobre ela tenho no bolso uma cartilha,
De uma viagem ao tal País das Maravilhas.

domingo, 3 de novembro de 2013

Crueza

   Essa história de amor incondicional pode até ser bacana se você tem quinze anos e nunca se relacionou com ninguém na vida. Mas um dia você descobre que o amor sozinho não sustenta absolutamente nada.