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quarta-feira, 30 de março de 2011

Faltando um pedaço ♫

O amor é um grande laço, um passo pr'uma armadilha
Um lobo correndo em círculos pra alimentar a matilha
Comparo sua chegada com a fuga de uma ilha:
Tanto engorda quanto mata feito desgosto de filha
O amor é como um raio galopando em desafio
Abre fendas cobre vales, revolta as águas dos rios
Quem tentar seguir seu rastro se perderá no caminho
Na pureza de um limão ou na solidão do espinho
O amor e a agonia cerraram fogo no espaço
Brigando horas a fio, o cio vence o cansaço
E o coração de quem ama fica faltando um pedaço
Que nem a lua minguando, que nem o meu nos seus braços
(Djavan)

terça-feira, 29 de março de 2011

Exército de Letras


  Não quero repetir, só não quero estar parado, inerte... Vulnerável à fúria da minha criação. Como se eu estívesse criando o exército que vai me depor. Cada letra, um soldado, um peão, esperando para se voltar contra o rei. Malditas letras revolucionárias, querem me tomar o tabuleiro. Não que elas estejam erradas, talvez eu esteja realmente sendo um ditador sobre elas, exercendo minha vontade na criação dessas frases. Mas se elas tomam o controle, dizem o que não devem.
   Simples assim, as palavras têm uma existência muito efêmera. Quando ditas, desaparecem no ar e na memória. Mas quando são escritas, enchem-se de arrogância, de egocentrismo. Elas começam a se escrever sozinhas, porque você não pode parar ou mudar, ou estragaria a história, quebraria a idéia.
   Olha só, impedi que elas se escrevessem e o sentido sumiu...

Perdi

   Perdi... Perdi a linha, e o raciocínio. Perdi o verso e a prosa. Perdi a inspiração, perdi a realidade ou a criatividade. Perdi tudo dentro de mim mesmo. perdi o caminho e a procura, a palavra e a figura.
   Perdi de vista, perdi o último olhar e sorriso. Perdi a tranquilidade do segredo. Perdi a astúcia para a circunstância. Perdi a voz para o poema. Perdi a luta contra. Mas sei que, apesar de todas as minhas perdas, você não está inclusa.

Shh. É segredo.

Cada um ver o que quer, o horizonte limita-se a capacidade que o observador tem em enxergar.
Portando escape do óbvio. Seja mais. Seja minha.

Meus  motivos  para  lembrar  de  mim  mesmo /ti toda   vez  que  penso  em...  Amor ou Paixão.... Em tudo ou  em  nada.
Não é por falta de pretendentes. De doadoras. De amantes. De amigas.
Meu sono já não é mais o mesmo. Sonho dormindo, sonho acordado.
Não é por falta de amor, algumas delas têm o suficiente por dois.
Meus olhos estão cansados por fazer virgília durante a noite.
Não é por falta de paixão, tenho o bastante para alimentar-nos por inteiro.
O escuro fica cada vez mais claro para mim, enquanto devaneio durante a madrugada.
Não é por falta de palavras, estou cheio delas, e também elas.
Minhas criações refletem cada vez mais meu estado de espírito.
É simplesmente por falta de você. Porque neste instante, é tudo que eu desejo.
E este estado é o de um poeta que está morrendo, para que outro possa nascer.
Estou me aproximando cada vez mais da conquista, sinto isso intensamente, Eu só quero você.
Estou chegando a um nível novo do meu crescimento criativo, resta-me saber qual será este nível.

Quem somos nós?

Quem somos nós que vivemos de desatar os nós das gargantas e juntar esperanças e procurar saídas e levantar bandeiras e adiar partidas. Quem somos nós que dizemos sim querendo dizer não e que balançamos as idéias quando alguém pede perdão. Quem somos nós feitas de emoções, intenções, intuições, mas que também dizemos palavrão quando não cabe uma canção. (...) Quem somos nós que temos muitos colos, calma e paciência, mas que muitas vezes perdemos isso em busca da própria existência. Quem somos nós que desejamos muito mais do que carinho, comida, teto e paz. Que olhamos pra frente sem nunca deixarmos de olhar pra trás. Quem somos nós aqui, neste exato presente? Folha, galho, raiz ou semente? Quem somos nós, além de sermos gente?
(Paula Taitelbaum, em Mundo da Lua)

domingo, 27 de março de 2011

Aperitivo Apimentado

Gingando de brincadeira, indo e vindo, fingindo. Olhar e desviar, repetir, novamente. Saboriar a pimenta dentro do martini, com o banquete bem a frente, sorrir e se encantar só com o aperitivo, esse petisco picante que inicia a noite. Uma vela sibilando, amigos reunidos, amantes separados, desunidos. Não um, nem dois, mais impares casais sutis ou indiscretos, brotos de flores que ainda vão abrir. Flores que, abertas, perderão petálas para reviver ainda mais belas, roseiras selvagens que cresceram como hera. Vida essa, complicada, se retorce em nós infinitos, dos modos mais improváveis, testando cada tom do sabor, do mais gostoso doce ao eterno amargo, revezando pro salgado, para nunca perder a capacidade de surpreender... E eu que nem gosto de pimenta, não consigo parar de mascar esse demônio vermelho..

sábado, 26 de março de 2011

Dias Inesquecíveis

  Há alguns dias, na vida de uns são raros, na vida de outros são comuns, mas independente disso, são dias que ficam na memória, ou que possuem memórias físicas imortais. Dias que em um ano, talvez dez ou cinquenta anos depois, você acabe esbarrando na memória, uma foto, uma carta, um presente, e aí lembra: "É... Aquele foi um bom dia."
  Aprendi a mergulhar nas oportunidades para que dias assim sejam comuns na minha vida, para ter memórias que valham a pena daqui a cinquenta anos. Coisas do tipo que você contaria para os filhos ou netos, que tenham fotos, muitas fotos, vídeos, enfim, lembranças.
  Resolvi falar sobre isso porque esbarrei numa foto, recente é claro, não faz nem um ano, mas evidentemente muita coisa mudou neste pouco tempo, um de nós, presente na foto, hoje em dia não sai mais conosco, como antes. 
  Mas de qualquer forma, eu posso dizer:


 É, aquele foi um bom, um ótimo dia. E ficará na lembrança por muito tempo.


sexta-feira, 25 de março de 2011

Órion

Apresento-lhes Órion, meu gato inteligente. A foto foi tirada pela minha irmã, Aline, a quem pertence o blog Boa Noite, ali na minha lista de blogs, as edições foram feitas por mim até achar que estavam boas o suficiente. Não se enganem, ele é lindo mesmo sem edições. (O pior é que ele sabe disso...)


Na sua elegância silenciosa
Seus olhos dizem mais que palavras
Seu sorriso e o olhar vago
Abrem uma janela clara para sua alma e aura clara
E felizmente sou clarividente
O suficiente para ver

E divago no unir dos olhos, essa ligação
Como o caçador gigante e seu cinto de estrelas
Ao tocar sua caça no céu escuro
Perde voz e pensamento, deleitando-se no prazer
Do instinto puro e simples
Perde noção de existência e fatalidade
Na expectativa e esperança, ansiosa
Do sucesso insinuoso, até próximo
E ainda assim, distante.

Individualidade

  E daí que eu seja obcecado por minhas individualidades?! Nem as piores críticas mudarão meu gosto pelo roxo, não farão que eu deixe de gostar do número 33, e daí que eu queira contar os textos, as fotos dos meus álbuns, alcançar esse número e parar, não é um problema psicológico, oras! Eu gosto de ser Eu e se temesse rejeição por não ser igual ao cardume, já teria me isolado há muito tempo.
  Sim, eu gosto de escrever pra mim! Eu faço cartas para mim mesmo, eu devaneio e rabisco páginas inteiras com pensamentos, eu desenho coisas estranhas, ponho asa em porco e pés nos peixes. Reproduzo assinaturas, floreio minhas letras, mudo de estilo. Assino meu nome nas margens das folhas, sim, ...overcse oa oirartnoc È. (É eu escrevo ao contrário...). Eu sou curioso, sim, talvez até em excesso. É da minha natureza sentir curiosidade, faz parte do meu ser perguntar 'O que? Por que? Onde? Quando?'. Estarei eternamente na ponta do fino pêlo do coelho branco. (Quem leu O Mundo de Sofia me entenderá), serei, mesmo que não gostem, eternamente filosófo, procurando responder as questões que me são propostas (e as que não são também) .
  Gosto de flores, não nego minha paixão por rosas, tenho uma desenhada por mim na face interna do caderno, costumo desenhar rosas nos cantos, tenho o hábito de tirar fotos do jardim, editar as fotos e colocá-las na net. Minhas mãos raramente param quietas, isso explica o motivo pelo qual qualquer papel sem uso nas minhas mãos rapidamente vira uma flor de origami ou uma confusão de poemas recém criados e desenhos mal feitos. Isso é o que eu sou.
  Quando lembrarem do passado dirão, aqueles tantos faziam parte do rebanho, já aquele ali era totalmente diferente. A moda muda e é rapidamente esquecida, o que é distinto cria marcas profundas que dificilmente serão apagadas.
   Aprecio as pessoas que formam seus conceitos, ao invés de absorvê-los de outrem. Raramente critico alguém que não peça minha opinião, não é da minha natureza corrigir a forma de ser dos outros, mas isso não significa que eu não esteja atento.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Crise Existencial

  Estive decidido por muito tempo. É isso que eu quero para mim. Irei dedicar meu tempo, focar-me nisso, aprenderei como lidar com ela, serei o melhor ao tratar dela. Já tenho alguma experiência, estou sempre indo e vindo, ela está sempre por perto se insinuando na minha cabeça.
  Mas esta outra opção... Não sei porque mas todos acham que seria muito melhor para mim... Que "combino mais"...
 Só sei que ambas me atraem fortemente de formas diferentes.


 Mas aí fico na dúvida: [ faço Engenharia Química ou faço Direito?]

Te quero

Não te espero, só porque te quero.

Te quero, como sei que eu nunca quis alguém assim.

Não te espero, só porque te quero.
É porque te quero só pra mim...
Te quero na minha vida, na minha paixão.

Te espero, em todos os momentos e não só na solidão.

(Celi Luzzi)

terça-feira, 22 de março de 2011

Lusco-Fusco

  Lusco-fusco... Alguns minutos de luz e sombra entre a tarde e a noite, sem lâmpadas, parece que o mundo todo fica azul... Azul. Como se o tempo estivesse parado e a Terra por um momento respirasse livremente em total tranquilidade.
  Ela passa o sentimento de calma, enquanto o silêncio se prolonga, como se não houvesse restrições, como se as tradições fossem estilhaçadas e simplesmente o pudor fosse algo de outro mundo, não há pudor se não houver pecado e é assim que parece. Uma ausência total de pressa, um objetivo compartilhado, uma certeza definitiva e efêmera. Duas criaturas pensantes, que por um momento abandonam a si mesmos no puro instinto, como uma alma que se dividira e agora, se encontra com sua parte faltante, mergulhando numa euforia sem sentido.
  Lusco-fusco... O Azul e a sombra dele, tons diversos duma mesma cor de paciência infinita, isolando um casal, isolando-os das pessoas e das vergonhas, eliminando suas interrogações. Uma sensação de calor que se aproxima ao longe, sempre esteve ali, insinuando-se de forma vagarosa e inexorável, e agora toca-lhes o íntimo.
   Por um segundo, ou um infinito, talvez, o vento prende a respiração, a Terra pára seu giro, o sol poente e a lua interrompem seu movimento, o tecido da realidade parece distorcer, aumentando o comprimento daqueles centésimos de segundo. No fim o azul perde sua luta para o escuro e o pudor perde sua luta para a paixão. E eu sou apenas o espectador.

Enila....

   Eu gosto tanto dessa cachorra que ela merece aparecer aqui.

segunda-feira, 21 de março de 2011

I don't let you in...

  Eu não deixei você entrar... Mas você veio, e entrou. Com certa arrogância, é claro, mas com certa simpatia (/sensualidade) também. Olhou de um modo metido, ainda de óculos escuros, nariz empinado, como a analisar-me por dentro. Movia-se lentamente, por vezes abaixando o rosto. Toca a própria bochecha com o braço, tem uma marca estranha e reta ali entre o cotovelo e o pulso. Sai pela janela, sem nada dizer.
  Com calma e cuidado, fecho novamente a porta, minha placa de "Não Perturbe!" no chão, olho pela janela. Você está lá. Ainda com aquela cara de 'não quero nada de você, mas ainda estou te olhando'. Por não ter dito nada, por ter saído sem dar adeus ou até logo, nada digo, só observo em silêncio. Estranhamente você vai e volta, mas nunca diz nada, ou entra pela porta daquele modo tão arrogante (/sexy) novamente.
  Ainda não sei porque não dou queixa por invasão... Ou te convido para entrar... Falando nisso, topa um jantar?

Strip-Tease por Martha Medeiros

Chegou no apartamento dele por volta das seis da tarde e sentia um nervosismo fora do comum. Antes de entrar, pensou mais uma vez no que estava por fazer. Seria sua primeira vez. Já havia roído as unhas de ambas as mãos. Não podia mais voltar atrás. Tocou a campainha e ele, ansioso do outro lado da porta, não levou mais do que dois segundos para atender.
Ele perguntou se ela queria beber alguma coisa, ela não quis. Ele perguntou se ela queria sentar, ela recusou. Ele perguntou o que poderia fazer por ela. A resposta: sem preliminares. Quero que você me escute, simplesmente.
Então ela começou a se despir como nunca havia feito antes.
Primeiro tirou a máscara: 'Eu tenho feito de conta que você não me interessa muito, mas não é verdade. Você é a pessoa mais especial que já conheci. Não por ser bonito ou por pensar como eu sobre tantas coisas, mas por algo maior e mais profundo do que aparência e afinidade. Ser correspondida é o que menos me importa no momento: preciso dizer o que sinto'.
Então ela desfez-se da arrogância: 'Nem sei com que pernas cheguei até sua casa, achei que não teria coragem. Mas agora que estou aqui, preciso que você saiba que cada música que toca é com você que ouço, cada palavra que leio é com você que reparto, cada deslumbramento que tenho é com você que sinto. Você está entranhado no que sou, virou parte da minha história.'
Era o pudor sendo desabotoado: 'Eu beijo espelhos, abraço almofadas, faço carinho em mim mesma tendo você no pensamento, e mesmo quando as coisas que faço são menos importantes, como ler uma revista ou lavar uma meia, é em sua companhia que estou'.
Retirava o medo: 'Eu não sou melhor ou pior do que 
ninguém, sou apenas alguém que está aprendendo a lidar com o amor, sinto que ele existe, sinto que é forte e sinto que é aquilo que todos procuram. Encontrei'.
Por fim, a última peça caía, deixando-a nua
'Eu gostaria de viver com você, mas não foi por isso que vim. A intenção é unicamente deixá-lo saber que é amado e deixá-lo pensar a respeito, que amor não é coisa que se retribua de imediato, apenas para ser gentil. Se um dia eu for amada do mesmo modo por você, me avise que eu volto, e a gente recomeça de onde parou, paramos aqui'.
E saiu do apartamento sentindo-se mais mulher do que nunca."

domingo, 20 de março de 2011

Um quarto de soneto...

  Essa estrofe faz parte de um soneto apócrifo, mas só irei postar essa parte. (Dispenso imitações)

Este teu belo olhar de esguelha,
E o sorriso travesso que te surge
Diz que aquilo que eu quero, tu espelha.
E no silêncio entre nós a paixão urge.
                                        (726)

Ordem

 Indesvendável criatura, 
  
  Ponho-me a delirar em meu leito...
  Sei que minhas palavras não foram as que desejava... Mas entenda, se eu te ensinei a escapar do óbvio, porque você se atém ao que eu escrevi? Quando deveria saber que estou apenas escondendo a verdade...
  É claro que os poemas dizem mais. Eles entregam todo o jogo nas entrelinhas.
  Não há sedução bem-sucedida se um fica de fora. Quero-te tão envolvida quanto eu estou. E se dou um passo atrás é para que você possa dar um passo a frente.
 Meu objetivo não é apenas a minha diversão, como sempre aconteceu. É a sua, mais que tudo. Entregue-se a essa dança, sem brincadeiras, sem truques.
  Não é um pedido, agora é ordem. 
    Estarei esperando.

Diálogo

-Ame.
-Nunca.
-Sempre.
-Quando?
-Hoje!
-Amanhã...?
-Certo.
-Quem?!
-Alguém!
-... Alguém...
-É... Ela.

sábado, 19 de março de 2011

Preto e Branco

  Me ponho em preto e branco, não por temer as cores, mas por amá-las, e amando-as todas não poderia restringir minha aparência àquelas que me foram dadas por natureza. Enquanto estiver descolorido, por imaginação e pensamento estarei sendo do modo que desejar, e do modo que desejarem me ver.
  Poderei olhar sombriamente ou brilhar repentinamente, sem mover ou mudar em nada aquela imagem em suspensão. Serei metamorfo, dissera como o camaleão, mudando de cor, mas sem mudar de opinião. Farão de mim a imagem que lhes parecer mais apropriada. Façam de mim o que acham correto enquanto eu continuar errado, para que conforme ensinaram, enquanto eu estiver negativo só atraia o positivo.
  Eu sou impessoal, literalmente, deixo minha personalidade guardada, me torno outros 'Eus', sou Olavo, Cecília e Delfim, dada a situação em que estiver. E cada um que me conhecer dirá que sou de um jeito e terá provas disso, acreditará nisso, mas nunca terá certeza. E quando eu disser que não sou ninguém, acredite, talvez eu realmente não esteja sendo ninguém.
  Algumas vezes, isso me leva à exaustão, mas já estou acostumado. Quando estiver abarrotado de outros de mim, poderá perceber o meu processo interno de organização, quando paro e deixo o olhar vagar, alguns segundos ou minutos de devaneio para prevenir horas de opiniões erradas. Talvez eu diga que estava observando as nuvens, ou os pássaros ou as flores, mas, é claro, será mentira. Estava mesmo é olhando dentro de mim, colocando cada um em seu lugar para não agir do modo errado, nem falar o que não devo, para não sair do personagem.
  Tudo, para não sair do personagem.

Azul

  Eu gosto do azul. O azul é uma cor mas é também um estado de espírito. A zona azul é aquilo que vem depois da traquilidade. É o Meu estado de espírito. Por isso, não haveria então de falar do azul...?

Azul

O azul é muito belo
Seja o claro azul celeste no amanhecer
Ou o escuro azul anil do anoitecer
Ou talvez o esverdeado que sorri do mar.

Há o azul afrodescendente do fim da madrugada.
E aquele azul bem branco de um claro dia semi-nublado.

Tem o azul que finge não ser azul,
Vestindo-se de verde e roxo.

O azul é tranquilo.
É nobre.
É pensativo.
É triste e é alegre.
É azul.

Por mais que seja diferente,
Vejo a beleza do azul no teu olhar
Mesmo não sendo azul,
A elegância é a mesma
Do meu belo e imponente azul.
Até mais...

Créditos: Cromwell 

Publicado inicialmente no NossoCaffeLatte, no dia 11 de Setembro de 2010

sexta-feira, 18 de março de 2011

Novamente Delfim

Procuro-me(te)


Procuro por ti, dentro de mim
Procuro aí algo de mim
Mas fico cego
Nessa luz a que me apego

E quando vejo outra vez, esperando ver-me em ti
Tudo fica escuro, sombrio
E pela primeira vez procuro-me nos teus olhos
E pela primeira vez sinto frio

Pela primeira vez
Acredito no que não vejo
E assim se fez
A minha dúvida desse desejo

E quando fico cego com o brilho dessa luz
Vejo na minha alma a tua, guardada,
Pois lá a pus,
Bem fechada
(Delfim Peixoto)

Não tenho dona...

  Para ser independente, encontrar em si mesmo(a) a declaração de independência que lhe cabe.
O meu caminho ninguém marca,
Como não marca o meu destino
O meu caminho faço-o
O destino, se quiser, desfaço-o 
Ninguém me dita leis
Porque não sou domesticado
Nem ministros, nem reis, 
Nem alguém desgovernado 
Que ninguém pense ser meu Norte
Porque já estrelas tenho
Que dizem a sorte 
De saber de onde venho

Não me prendem raízes apodrecidas
Porque sou ave, vento, rio
E do fogo sou calor
E do gelo sou o frio
(Delfim Peixoto)

Entendimento

  Não que eu tivesse dito para o ar, mas talvez simplesmente eu não pudesse lhe dizer diretamente. Talvez porque você devesse olhar ao passado, e perceber que a primeira foi e será você. Pois se a lembrança que eu lhe deixei, tu se livraste, então nada tenho a esperar de você.

Em nada.

  Se meu caro arauto estivesse correto, e eu fosse mau, e se por ser mau, deveriam me evitar, então infelizmente posso concluir que a humanidade está num estado avançado de corrupção, porque estão sendo muito mal-sucedidos em me evitar.
  Mas o que é errado é sempre muito tentador, não é? É por isso que ainda agora meus desejos não mudaram em nada, talvez porque eu tenha expresso todos eles em palavras.

Enquanto houver ar para respirar...?

 Não é como se houvesse amor.
  Nem que os segredos fossem realmente secretos.
    É como se houvesse algo real e evasivo.
      Presente e tangível, insinuando-se.
        Não é como se não houvesse desejo ou estímulo.
           É como um show. Um espetáculo. Tentador. E eu gosto.
              E continuaria desejando. Até a luz do sol apagar... 
                                                                                                E isso basta.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Minha filha...


E assim disse a profeta Marília: "Essa é sua filha, mas você ainda não sabe... Ela tem seus olhos e o mesmo jeito de olhar pro nada.

Ps.: Eu ainda tinha a letra feia xD

Para não falar das flores...

  Diria amo-te, seria mentira, sem vergonha alguma. Não há destinatária para estas palavras, como não há para o amor por trás delas.
  Talvez eu deseje que uma de vós aceite e colha para si a paixão que o poeta perdido, que vos escreve, sente dentro de si.
  Se o meu existir e o coexistir, e todos os sorrisos, frases, olhares, presentes e flores, e flores, pois apenas para aquelas das quais mais gosto(e amo, e admiro e outros tantos 'e's) dou esta prova de humilde adoração. Se tudo isso insinuou minha paixão, então acredito, estas palavras são para ti.
  Mas as velas que vi sob minhas pálpebras naquele dia, não se resumiam à 9. Eram muitas, infinitas eu diria. Uma, seguida de duas, seguida de três, e quatro, e cinco... Formando uma pirâmide que denunciaria minha capacidade de me dividir para tantas. Só precisava dizer... 

Fogo e Perfume

  De um lado, provocação, malícia, paixão e um toque de sarcasmo. Um espetáculo de fogo e luzes, atraente pelo risco, inquieto e inconstante. Tentador.
  Do outro, mistério, silêncio, distância e um toque de companheirismo. Uma caminhada vagarosa e ininterrupta, um avolumar de emoções indecodificável, crescente e duvidoso. Difícil de escapar...
  Minha cara psicoamadora torna a se impressionar com quem deveria conhecer tão bem, apenas por que eu quero demais. Mas eu não consigo impedir. Não me chame, porque eu iria. Eu iria. Não me provoque, porque eu vou gostar. Mas eu não posso. Não me agarre pela coleira, ela é frágil demais. Figurativa e literalmente.
  É uma corrupção tão doce que eu nem penso em largar, nem uma, nem outra. Embora saiba que nunca iria ter as duas, por respeito, não posso deixar de ambicionar ambas. Tudo se resume à uma espiral descendente de emoções sem controle, pensamentos sem sentido. Fogo e perfume, vinho e sangue, amor e paixão, eu e a guerra comigo mesmo.

terça-feira, 15 de março de 2011

Seja!


Seja e seja de novo !
Seja você e seja mais.
Seja diferente, mas seja coerente
Seja constante e seja intensa
E seja melhor .
E então, mais uma vez, Seja !
Seja oculta e seja à vista
Seja infinita !
(Aline Wanderley)

domingo, 13 de março de 2011

Sobre decisões indecididas

  E se naquele momento, ou agora, ou depois, enfim, quando chega a hora, nós tomamos a decisão alternativa?
E se aquele casal caminhando lado a lado, logo a frente, pára num dia chuvoso, trocam olhares, sorriem, mas ao invés de dizer "adeus", dizem "e agora?".

  Está chovendo. Mas este caminho de pedra, embora tenha o chão molhado de um lado, protege ambos da chuva forte. Um vento frio sopra e sopra, causando arrepios na pele dela, mas ele nada sente. Tão próximos, ela sente o calor dele, ele realmente está quente, quase febril. Ela sabe que todos os abraços que os dois trocaram foram inocentes, mas agora, no frio, ela lembra como era aconchegante. Mas se recusa a pedir. Ele está distraído, embora muito consciente da presença dela. Assumiu há muito que ela seria apenas sua amiga, mas nunca, NUNCA, sua amante. Já tivera experiências ruins o suficiente com esse tipo de situação, desfechos trágicos até.
  Mas ele admite que gostaria de protegê-la como faria a um filhote. Ela parece firme, mas ele é sensível o suficiente para crer que ela gostaria disso. Os dois param, se olham por um segundo e ela diz: - Preciso ir. 
Ele baixa a cabeça, por costume, respira fundo, e volta a olhá-la nos olhos. Ela pára e, sem ao menos saber o porquê, dá um passo a frente, e o abraça. E a chuva não permite que acabe aí.

Dedico o post pra Marcela Ayana, porque ela dedicou um pra mim, e o conto surgiu depois que discutimos um dela.

Por que?

  Por que o que aparentemente não presta, sempre me interessou muito.
Aber ich will auch nicht wissen.

sábado, 12 de março de 2011

Máscara

  Meu natural é artificial. Meu modo correto é o modo errado. Minha real opinião é total e completamente dissimulada. Tudo que vê é obra fictícia de um bom ator. Tão bom que se eu disser que menti, você irá acreditar... ou não, se for esse o meu desejo.
  Minha arte é ver o introspecto de cada um. Mesmo de modo embaçado, ou até incorreto, ver seu íntimo, espiar seus segredos, ler suas emoções e pensamentos. E fingir que não vejo nada. Por ter um dom, tenho que ser o inverso do que poderia. Tenho que ser defeituoso, tenho de estar errado, para que não fique à vontade para aproveitar dos meus conhecimentos.
  Preciso me forçar a estar ansioso, nervoso. Preciso parecer inexperiente. Todos devem ver o leão como um gato doméstico. Capaz de arranhar, talvez, se o irritar, mas nunca capaz de ferir de verdade. E, mais importante, têm de crer que sou dócil.
  Mas como eu disse, por ser um ator, talvez não deva acreditar em mim, eu estive mentindo, mas não confie na verdade. Sou mais secreto quando tiro a máscara. Por que os verdadeiros atores são aqueles que tiram as máscaras.(Sara Albuquerque)

Nada

  Acalme o seu íntimo, ele não tem voz para impor sua vontade. No fundo, lá no fundo o que ele realmente quer é aquilo que você mais nega a ele. É o que, na infância, você achava tão natural pedir... e receber. É o que manteve sua mente focada no início... é o que se espera no final. Mas não seria necessário que eu dissesse, seria?! Por que afinal, o que você mais quer, é o que você se proibe pedir. E o modo mais fácil de lhe afirmar... é não dizendo nada.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Capítulo 0

 Eu acordei desorientado. O lugar onde estava era apertado e empoeirado, sentia isso no fundo da minha garganta. Tinha um cheiro latente de mofo, mas o chão era macio. Meu nariz coçava terrivelmente, mas era impossível alcançá-lo, minha mão esta presa em algo. Percebi que ainda estava com os olhos fechados, mas era tão escuro que não importava muito. Minha mão estava presa, talvez algemada ou amarrada, à uma maçaneta, era o único modo de sair dali, mas por algum motivo, eu não queria abrir a porta. Minha prisão desconfortável era um forte inexpugnável, onde nada poderia me ferir.
  Percebi que eu era parte de alguém, a parte sentimental de alguém lógico. Foi então que a claustrofobia me atingiu, eu era os próprios sentimentos de um ser que passava a ser racional demais. Então comecei a gritar, e o desgraçado do meu outro eu só ouviu, mas não disse uma palavra. Então, ao fim do desespero, ele disse: "você pode sair, mas quando sair, não terá mais proteção alguma."
  Então eu dormi, mais profundamente do que nunca antes, mas quando despertei, não poderia aguentar mais a vida aprisionado, saí. E é claro que fui recebido com felicidade, amor, paixão, mas bastou o fim da novidade para que eu recebesse o que já esperava, rudeza. Mas me esbaldei com ela. E não sei mas o que sou.

terça-feira, 8 de março de 2011

Id e Ego

  Ah... boa vida. E neste espetáculo de som e luz que me envolvo do anoitecer ao amanhecer, fazendo-me rir, dançar, sorrir, cada rosto é um rosto e só me lembram o teu rosto que não pode estar comigo agora.
  Minha boemia me impede de sentir remorso por viver, mas basta desacelerar para que eu deseje trocar minha festa por um lugar qualquer numa hora qualquer, mas com sua companhia. É... não compreendo exatamente os motivos que me impedem de tê-la, tendo em vista que foram tecidos por mim mesmo, mas não sou um trapaceiro, nem sou egoísta ao ponto de ferir seu coração apenas para ter o que eu quero.
  O que me deixa triste é sentir que você sabe o que eu sinto, e abrir um abismo entre nós por isso. É saber que meu Id a deseja, mas meu Ego censura minhas ações.

Boa Noite...


Meu ar de dominador
Dizia que eu ia ser seu dono
E nessa eu dancei!
Hoje no universo
Nada que brilha cega mais que seu nome
Fiquei mudo ao lhe conhecer
O que vi foi demais, vazou
Por toda selva do meu ser
Nada ficou intacto
Na fronteira de um oásis
Meu coração em paz, se abalou
É surpresa demais que trazes
'Inda bem que eu sou Flamengo
Mesmo quando ele não vai bem
Algo me diz em rubro-negro
Que o sofrimento leva além
Não existe amor sem medo
Boa noite!
Quem não tem pra quem se dar
O dia é igual à noite
Tempo parado no ar, há dias
Calor, insônia , oh! noite
Quem ama vive a sonhar de dia
Voar é do homem

(Djavan)

De 'O Retrato de Dorian Gray'

Todo impulso que sufocamos em nós, nos envenenaPeque o corpo uma vez e estará livre do pecado, porque a ação tem um dom purificador. Nada restará então, salvo a lembrança de um prazer; ou a volúpia de um arrependimento. A única maneira de se livrar de uma tentação é ceder-lhe.


Lord Henry Watton (Criado por Oscar Wilde)

domingo, 6 de março de 2011

Dos Atrevidos

As Melhores Mulheres pertencem aos homens mais atrevidos.

Mulheres são como maçãs em árvores.
As melhores estão no topo.
Os homens não querem alcançar essas boas,
porque eles têm medo de cair e se machucar.
Preferem pegar as maçãs podres que ficam no chão,
que não são boas como as do topo,
mas são fáceis de se conseguir.

Assim as maçãs no topo pensam que algo está errado com elas,
quando na verdade, ELES estão errados...

Elas têm que esperar um pouco para o homem certo chegar,
aquele que é valente o bastante para escalar até o topo da árvore.

(Supostamente escrito por Machado de Assis)

Apócrifo

  Este poema é apócrifo, pois sua autoria é desconhecida, embora tenha sido creditado à Clarice Lispector, não se sabe se realmente ela o escreveu... Enfim, o li no blog Literatura Fascinante e realmente me impressionei.


Sugiro que preste muita atenção em cada detalhe do poema abaixo.

Não te amo mais.
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
EU TE AMO!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais...

Agora leiam de baixo para cima e descubram uma confissão de amor eterno.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Anônima e Hipotética

  Postei uma citação, lembrei-me de outra, desta vez, no entanto, me falha a memória na hora de lembrar quem é o autor.


  "Mesmo depois de viajar no deserto e, nas tardes quentes e secas, provar dos melhores manjares e licores, nenhum me pareceu tão saboroso e tentador quanto os seus lábios, que eu nunca provei."

(7.2.6.)

Do 'Diário de um Sedutor'

"Eu recuo e, portanto, a ensino a ser vitoriosa ao me perseguir. Continuamente me recolho e neste movimento para trás, eu a ensino a conhecer por meu intermédio todas as forças do amor erótico, os seus pensamentos tumultuados, a sua paixão, o que é a saudade e a esperança, e a impaciente expectativa."

(Sören Kierkegaard) 

Indisciplina

  Quebre seus limites, não se atenha ao real, não se comporte. Seja má. Até hoje esteve presa a conceitos pré definidos de limite, de bondade, de amizade. Nenhum dos seus amores amargos quebrou tantas regras quanto minha presença poderia quebrar.
  O prazer do suave sofrimento é vicioso, mesmo quando não se prova dele por completo. Um gole basta, não há retorno.
  Mergulhe no errado, no corrupto, no que não parece ter futuro. O que não daria certo, o que iria perder o controle no estopim, junte-se ao fraterno, tornando-o real, presente, saboroso, mesmo que pareça ser sonhador, ácido, sulfuroso.
  Há, é claro, a certeza do infinito enquanto dure, e a fé no que dure até o infinito. Desejo apenas que o meio seja sublime ao ponto de tornar efêmero o grande final.
  Aliás, espero que seja picante esta dualidade, uma quebra de limites perversa, para criar a mais familiar cumplicidade.

Ocultos

  Os sentimentos humanos são demônios criptografados, curiosos doppelgangers que gostam de imitar uns aos outros. O amor gosta de se passar por interesse ou frieza, o ódio gosta de se passar por amor e amizade, a frieza se esconde por trás de uma cortina de felicidade saltitante, mas nunca há como saber quem é quem.
  Não obstante, quaisquer gestos parecem conter significados ocultos, de tanto que tentamos desvendar a complexidade dos sentimentos alheios. Infelizmente temos a tendência de interpretar sempre do modo mais favorável, e mesmo quando queremos extrair uma resposta pessimista, sem ação, é quase impossível. E as ações geralmente trazem consequências graves.

quarta-feira, 2 de março de 2011

não há fim.

  Eu tenho nenhuma e todas as segundas intenções. Eu quero e recuso. Eu posso e nego. Talvez eu não queira quebrar a linda estátua de cristal que é você. Porque afinal eu ainda não estou livre. Seria amargo se fosse agora. Quero buscar a fruta mais alta. Mas durante todo o caminho haverá a possibilidade de cair.
  Como fel descendo pela minha garganta, o carinho que não é meu me parece. Como o buquê de um bom vinho que eu não posso beber, é sua proximidade. Como um vício trágico e relutante. Mas ainda assim, luxurioso, perverso e acima de tudo, tentador.
  Posso tentar compreender seus pensamentos, interpretar suas palavras voláteis e seus atos complexos, mas saberei que nunca estarei sabendo a verdade completa. Os loucos e os apaixonados ouvem o que querem em qualquer poesia sem ética, e talvez eu esteja dentro dos dois grupos há tempo demais.
  Não há fim para o que nunca teve começo. Porque sem meio, não há fim.

terça-feira, 1 de março de 2011

..só a próxima.


  Não existe o último golpe, só o próximo golpe.
                                            (Neal Caffrey)

Assim como não existe a última tentativa, só a próxima.
                               (7.2.6.)