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quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Blues da mudança

Ouça, amigo lenhador. Ouça o blues da mudança. Sinta o cheiro do pó e veja o ininterrupto entrar e sair das caixas.
Ouça, amigo lenhador, o soluço afogado do romance que não nasceu. Sinta a ausência do que nunca teve. Veja que bela perspectiva tem tudo isso.
Ouça, amigo lenhador. Ouça o riso incontido das festas. Sinta o reboliço das emoções enlouquecidas pelo álcool. Veja refletida a atração mais bruta e humana.
Ouça, amigo lenhador, o som e o ritmo desse blues.
O jazz está prestes a começar.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

A vida é uma viagem ferroviária

A vida é uma jornada, tal qual uma viagem ferroviária, vamos de uma estação para outra, conhecemos pessoas em cada estação, algumas nos acompanham por algum tempo em nossa viagem, mas nada garante que esta companhia será duradoura e nunca sabemos quando a parceria irá acabar.
Cada estação nos oferece um infinito de trens. Tal como estes, a vida não dá ré, portanto nossa única opção é prosseguir.
Eu vivo. Vividamente. Eu sei que parece redundante, mas não é. Poucas pessoas tomam a coragem necessária para tanto.
Sou de tal forma bom vivant, que não aceito perder tempo com o que quer que seja. Não faz sentido perder um trem apenas porque há pessoas olhando, julgando. Destas, o caminho está cheio, mas garanto que tais criaturas ficarão para trás e terminarão a viagem tendo aproveitado muito menos.
No mais, como um viajante nato, aceito todas as boas companhias que o destino trouxer e pelo tempo que durarem; evitando com gosto todos aqueles que se tornaram escravos da rotina e de um maldito moralismo conservador.

sábado, 14 de dezembro de 2013

Musas Literárias V

 
Que espanto o meu
Ao saber que a Luana, seu moço
Já está no céu, brilhando
As estrelas todas acompanhando
Distando com o escuro de seu cabelo
E eu aqui com todo o zelo
Tentando não me ofuscar.


quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Lulu, Tubby e a Guerra (Digital) Entre os Sexos, por Danielle Oliveira

   "Ai, fazer um aplicativo pra analisar as mulheres é muito machista, nossa", disse a menina que estava enchendo os guris de hashtags rotuladoras no tal de Lulu.



    Pimenta no dos outros é refresco, né?!
   
     Tanto que lutamos pelo direito de sermos simplesmente mulheres, sem rótulos, sem estereótipos, sem dedos apontados, e aí me vem esse tal de Lulu... Em primeiro lugar, por que criar um aplicativo pra fazer com homens o que tanto reclamamos quando fazem com a gente? Não acredito em justificar um erro com outro erro. Não faça aos outros o que não quer pra si. É simples.
     Segundo lugar, não duvido que alguns homens achem a polêmica exagerada. A brincadeira, realmente, acaba sendo mais divertida pra eles. Mas, mulheres, só venham me dizer que é “só uma brincadeira” depois que lerem lá no seu perfil do Tubby (que, aliás, não pede permissão ao usuário pra existir) que você "engole tudo" ou "curte tapas", por exemplo - essas são as hashtags do aplicativo pra analisar as mulheres, enquanto as dos homens tiveram uma conotação BEM menos sexual. “Vão ter que aguentar”, disseram alguns amiguinhos. O Tubby, que começa a funcionar amanhã, chegou como “resposta” ao Lulu e isso tudo me parece a evolução (tecnologicamente falando; socialmente: retrocesso) da mais repulsiva guerra de sexos. Fiquei envergonhada por algumas mulheres "brincando" com o Lulu e, paralelamente, reclamando por serem taxadas de N coisas diariamente.
       Li algumas mulheres utilizando o argumento de que a brincadeira serve como vingança pelos julgamentos que somos vítimas diariamente, mas - como eu disse - não acredito em justificar um erro com outro erro. Que melhor forma de “vingança” do que sermos mulheres independentes e superiores a isso? Por mais que nós sejamos prejudicadas de uma forma bem mais radical pelas diversas formas de preconceito e repressão – inclusive a diferença da conotação das hashtags nos dois aplicativos pode ser exemplo disso -, isso não torna menos errada a criação, a princípio, de um aplicativo pra avaliar homens. Na minha opinião, qualquer coisa que implique a limitação do direito de ser livre é ruim. Pra qualquer gênero.

     E, muito obrigada, mas minhas atitudes dizem respeito a mim somente (e a quem EU quiser) e nenhuma hashtag nem nenhum rótulo moderno recheados de hipocrisia têm direito de apontar o dedo pra mim. “Arreguei” com orgulho.

    Danielle Oliveira dando um show de sabedoria num comentário de Facebook, demonstrando (na minha não tão humilde opinião) a inteligência que trouxe todos os avanços sociais que atingimos neste novo século.