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domingo, 23 de dezembro de 2012

Conclusão


"E assim sabemos que não somos um do outro, porque eu só comecei a ser feliz depois de parar de seguir planos."

sábado, 22 de dezembro de 2012

Desencanto




    Perde o brilho, desvanecendo-se o encanto, com tanto carinho que esquece de expressar. E triste fico, a ver navios, quando gostaria de me deixar levar... Não é a fantasia hedonista que me motiva, mas a perspectiva de que no fim pode ser amor. Afinal, quem amou como eu já amei e que, sem mágoas, deixou partir acredita piamente que pode encontrar amor de novo, e outra vez mais. Equilibra-se com a mais pura felicidade de saber que é única cada uma, e que qualquer uma pode ser a verdadeira e última. Ainda assim, não sou de meios termos. Amor é um vão de duas portas, ou se abre dos dois lados, ou ninguém passa.
O desejo são os enfeites que te seduzem a olhar pela fechadura e do outro lado tudo que se vê é um par de belos olhos a te encarar de volta, daí que te baste. Abre a porta, ou guarda o tal amor no bolso.
    Daí então é inevitável, porque a única corrente que mantém a paixão do lado é uma dose diária de carinho, afinal somos todos gatos que morrem de desgosto se presos em cativeiro mas que, se bem cuidados, encontram sempre o caminho de casa.
    Faz-me um favor: manda-me embora de uma vez por todas, ou me convida. Tortura é ficar no sereno da noite, esperando na varanda por uma porta que nunca se abrirá.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Descaso

   Eu nunca neguei nada. Nunca me negaram nada. Nada. Nunca. A sede e o sono se confundem na ponta da minha língua, quando a cafeína erra o caminho nas minhas veias. Sonolento e sedento eu ouço... Há uma canção no ar, uma canção de adeus, uma canção de olá... Ela me diz que o que você me pede eu não posso fazer, replico que o que você não pode eu não vou te pedir...
   Eu vejo fins. Vejo erros. Vejo lacunas. Espero beijos, num piano bar. Espero que falte luz, espero um abraço no escuro, porque nesse fim de ano quero mais que o natal passado me deu. Gostaria de ter luzes piscantes para me abrigar na véspera do mais falso teatro do ano.
   Fraturo tradições, esperando que num dia desses, num desses encontros casuais, eu possa dizer: prazer em vê-la!
   Não fique pela metade. Vá em frente, minha amiga. Abra e feche a porta. Me deixe entrar ou me deixe sair, perdi as chaves. Seja sincera mais uma vez na vida, você se apaixonou pelos meus erros... Não somos o que podemos ser.
   Eu queria não me importar, mas quem se importa demais, tão fácil.. Não deixa escorrer pelos dedos sem arrependimento. Ao menos poderiam nos encontrar sem vergonha, com um sorriso embriagado num dos quartos dos fundos. Os engenheiros acertaram outra vez quando disseram que teus lábios são labirintos, que atraem meus instintos mais sacanas.

"Se eu tivesse a força

Que você pensa que eu tenho
Eu gravaria no metal da minha pele
O teu desenho"

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

...


"A saudade me consome como uma fome que eu não consigo saciar, me encontra, ou fico louco de vez."

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Foi por amor.


    Meu corpo está morrendo. Está morrendo e não importa o quanto ela tente me reviver, não é possível. Suas mãos percorrem meu corpo com toda a firmeza que sua pela suave lhe permite, mas o toque elétrico de seus dedos não conseguem retirar mais do que gemidos fragilizados dos meus nervos falidos. Eu tentei fazê-la desistir. Tentei explicar que meu corpo não duraria, independente do quanto ela tente mesclar sua clareza à rigidez escura que me torno a cada dia. Tentei dizer aos seus olhos azuis que logo não terei mais luz para ver seu sorriso. Ela não acreditou. Nem por um único instante. Mas é verdade. Sempre foi.
     Ela é pra mim uma estrela incandescente, como nosso abrigo é um porto aquecido no meio dessa planície gelada. Ela sempre foi. E nesses últimos dias tentei dizer que seus beijos me eram o paraíso, mas que minha tristeza aumentava a cada toque. Não por mim, mas por ela. Quis elucidar a tristeza numa risada, quando dizia que logo não terei vivacidade para provocar-lhe ciúmes sem fundamento; não funcionou.
    Ela era. Ela foi. Não, não.. Ela é. É tudo.
    Tentei fazê-la esquecer de mim. Quis mesmo afastar seu lindo sorriso e seus olhos profundos. Quis afastar suas mãos delicadas e seu entrelaçar de pernas brancas. Quis afastar sua pele que nunca vira sol forte e seus cachos de ouro. Não me arrependo. Mas sabendo que fracassei, espero que ela guarde de mim um pedaço quente e bonito, uma lembrança agradável. O oposto da criatura gélida, escura e decadente que me tornei. Espero que não me encontrem.
    De despedida deixei-lhe um beijo nos lábios adormecidos e uma rosa vermelha na cama solitária. Uma foto antiga pendurada na porta e um café com leite dentro do microondas. E parti. E aqui vou morrer e espero que ninguém me encontre, nunca. Que esse cadáver frio durma eternamente no frio. A neve está molhada, gelada, mas não sinto frio. Sinto calor, um abraço aconchegante e confortável. Sinto sono, aqui nesse monte de gelo, acolhido pelos braços da morte. Parto feliz. Espero que ela possa me perdoar. Não faria nada para magoá-la nunca. E o que fiz, fiz porque era necessário. Morro aqui, sozinho, escondido, cansado, mas feliz. Foi por amor.

domingo, 9 de dezembro de 2012

!


     É irracional, eu sei. Você não pode dizer com que razão se pode entender, mas você sente. É ilógico que possa ser tão errado e parecer tão certo. É maior que você, maior que eu... É muito maior que nós dois.
    Mesmo que não visse, sentiria seu sorriso aparecer quando você olhasse os girassóis no fundo da minha alma. Sua risada me deixa feliz e idiota; seu beijo na minha nuca acende chamas que não dá pra apagar.
   Te desejo e você sabe. Sabe também algo mais importante...

    Você sabe que sou o cara que te faz tirar a roupa.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Just a crack.


Bring me home in a blinding dream,
Through the secrets that I have seen.
Wash the sorrow from off my skin
And show me how to be whole again.

Cause I'm only a crack in this castle of glass
Hardly anything there for you to see.
For you to see

...

"Na boca, em vez de um beijo,
Um chiclet de menta
E a sombra do sorriso que eu deixei..."

    Perdeu o caminho para Ítaca, 10 anos de viagem. Por azar Penélope esqueceu de desfiar o vestido durante a noite.

"Infine, far finta di non vedere."

O Delta da Fome



    Eu comeria esses dois pães de queijo. E comeria o resto do chocolate ainda que me fizesse mal. Eu comeria meus dedos por dizer o que os olhos não queriam. E comeria os olhos por não poder fazê-lo. Comeria a distância para estar perto. Comeria o tempo em pequenas fatias por ser rápido, e o comeria numa bocada só, por passar tão devagar. Eu comeria tudo.
   E nessa gula continuada, Meu Deus, comeria como a Poli faria:
   "Eu comeria esse chocolate branco na minha mesa. Eu nem gosto de chocolate branco, mas eu comeria mesmo assim. Comeria. Comeria o sorvete de casquinha, o picolé de limão, o biscoito sem recheio e a bolacha de água e sal. Eu comeria a sopa do jantar. Pão com queijo e mortadela. Comeria brigadeiro de panela. Comeria a panela. Eu partiria o seu coração em mil pedacinhos e comeria cada um deles. Comeria o seu sorriso. Cara, eu comeria você no sentido figurado ou não. Eu comeria o mundo e todo o sentimento dele. Comeria o amor e o ódio. Comeria até encher. Comeria a minha vida inteira, até saciar a vontade de viver.

    Eu comeria até não conseguir mais.

   Porque tá mais fácil preencher o vazio no estômago, do que no coração. "

Infinita Highway to Hell

   

Decaí, insatisfeito. Recaí, por aceitar sentimentos. Caí, por que sou animal sentimental. E... Ao menos sei que a dúvida é o preço da pureza, sinceridade vale muito. É inútil ter certeza.
   Os engenheiros calculavam as contas dos deuses e diziam que nós não precisamos saber aonde vamos, nós só precisamos ir. Eu não quero ter o que não tenho, eu só quero viver. Nós estamos vivos e é tudo!
    "Escute garota... O vento canta uma canção, dessas que uma banda nunca toca sem razão."
   Meus olhos lacrimejam, ardem-me as pupilas... "Eu vejo o horizonte trêmulo. Eu tenho os olhos úmidos. Eu posso estar completamente enganado... Eu posso estar correndo pro lado errado." Mas veja só, se você parar pra pensar... é como se não houvesse amanhã.

    Regresso ao primitivo: entre um chocolate e um gole de uísque quente eu me pergunto se estou errado. "Quero colo! Vou fugir de casa! Posso dormir aqui com você?". É verdade, eu tive um pesadelo.. Só vou dormir depois das três. Vou jogar os papéis pra cima e deixar chover essas palavras neoconstitucionais; latim pra cá e Juristenrecht pra lá, vou dormir com uma Clarice e um Neruda. Confesso, Valência: não desejo catalisar uma reação irreversível com você, mas por sentido de ausência, desejo muito mais perdidamente dividir um café do que solar essa garrafa de Bourbon.
    E me saem no desespero - como todo bom poeta sabe - movidos à melancolia diabólica, as confissões mais sem nexo, anexadas com tanta razão e emoção que beiram os vai-não-vens de Jane Austen.. É... Afinal, só se veem nossos Preconceitos em conflito, porquanto ninguém larga o próprio Orgulho, mesmo que projete cinquenta sombras cinzentas, se é que me entende.

   Como jurista, não exijo que assine contrato, embora peça que guarde em silêncio meus pecados. Deles estou cheio e transbordante, sem arrependimento.. Crenças à parte, acho-me mais apetitoso desse jeito. Caio em desordem agora. Desdém ateu me provoca calafrios muito quentes, falar em pecado me atiça. Basta. Desgraça. Terminando em mau tom, deixando escapar um pouco de fúria fria para acender a vela no topo do bolo, acentuo, jogando-me às brasas do Inferno: Foda-se a Vida! Eu quero é viver!

E fim?



    Passos em falso. Telas de luz. Tique e taques incessantes. Angústia. O desenrolar de uma noite de chamas escuras e oculares, se alvoroça com a possibilidade de não existir amanhã.
    Paralisia. Infinitas highways de asfalto esburacado. Tristeza. A incapacidade de um simples olhar desenfreia uma linha de meados, meados de linha podre; enquanto os dedos se contorcem sem controle.
    Lacrimejar. Calor noturno. Inacriatividade. Solidão. Um começo promissor desemboca na incapacidade de expressão e o nadador sedento morre na praia.
    Cerveja aos lábios doce. Falha. Whisky aos lábios amargo. Fel-licidade. Inapropriadamente aceita que a descomplicação destrua-lhe esperanças, para manter-se intacto de toda forma.
    Novembro. Dezembro. Fim. Fim de período. Fim de ano, Fim de mundo. Fim.

   E fim..
?

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

1. 2. 3.


"A única coisa perfeita no Universo são os números.
                           E conto que só os deuses sabem realmente calcular."
                                                                           S.C.                       

É.. É sério.



Manômetro. Metro. Mano.
Como molas pressionadas de piano.
Hélices e espirais de um helicóptero.
Na mesa só a garrafa e mais um copo.
De Bourbon.

Jack in box


    Abri o presente de natal com o ânimo de uma criança, mas só havia um palhaço na caixa. Um Zé inglês, tal de Jack. Corri daquela armadilha risível, sentindo um pesadelo invisível acompanhar meus passos. Nuvens cor de laranja surgiam-me aos cantos, escapando de arbustos. Só pude decair na hipnose de seus olhos e não pude ver a adaga que lhe surgia nas mangas.
    Uma punhalada de veneno que corre direto ao coração. Alucinações confundiram-se com sonhos, aspirações de paixões francesas... Agora vejo clones dela em toda qualquer uma e sempre me decepciono ao ver seus rostos. Procuro suas lentes e olhos inteligentes.. Uma mecha de castanho escuro carmim. Tenho mesmo é de comprar um oráculo pessoal, para não deixá-la escapar. Óbvio que eu não poderia correr, não depois de um tiro crítico que o Cupido me acertou.


...


Me dê sua mão. Talvez assim cochichos sem sentido não tenham mais tanto valor.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Confession



  I want to live, not survive.

    I would drop off this race for status, if I could. I can't, so I'll continue to build my future, but without be quick. I wanna to enjoy my teenage. Run for loves and crushes, not run under whips for work and forget to stay under the sunlight.. forget to laugh. I want to do crazy stuff. Everyone is letting the happiness out. This is sad, and I'm not a sad person.
   They are falling in stupidness.

   Oh, Dear, I am getting alone over here. I will become the only dreamer that I know. The last dreamer...
   Real life is destroying life's beauty. Argh!
   I can't understand: live without life; it's like wait for death time without any fun, any glow. Almost turn itself in a tree. LOL. This is so tragic.

   Forgive me, but I think like that. I cannot live an automatic way. I know that I'll do what I have to do. I just don't want to hurry. Oh, Lord...
   They keep putting this pressure; as if the time - my time - was short, but isn't! I have too much time yet. My dad want that I recover his time and I'm not interested. I prefer to get the gold later, enjoying more now. I don't want to do what they want from me. May be a little of riot, but is necessary.
   When I start to run, I'll run faster than they can imagine, but now I just want to dream... to laugh... to love. I want to be unconcerned. While I still can. Just for now.

Can you understand me?
Can you hear the echoes fading?
Can you?
"Uma vela que brilha duas vezes mais forte, brilha por metade do tempo."
W.B.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Uma Salva de Vaias

   Calhei de ler livros cheios de pó.. de lua, numa mesa plana como Delta quadrado. Sorteava J.F.s recuperados de uma ida ao hospital, pois levara uma bengalada fosfórica na sinagoga. Tudo por um par de patos. Pare de ler pelas sandálias de Siddartha Gautama que isso aqui não tem sentido nenhum. Vai-te embora pra outras linhas.
    Vai-te! Vaia e te vai.

Drink Apoético



   Bati na porta de um bordel - mas não sou francês - era um puteiro mesmo. Entre sonhos quebrados e romances falidos enchi meu prato de sexo sem sal. Não quis comer aquela coisa escrota.
   Bebi mesmo foi um copo de lágrimas das vadias mais velhas e amargas, que foram tão inocentes um dia. Coisa que pouca gente tem coragem. Droga dessas pesadas que ninguém pode oferecer e que menos ainda sabe procurar. O gosto do drink ainda perdura na minha língua.

E todo mundo quer provar. 

Sobre Ases e Sobras


De dar Blues e Ás estava farto.
   Queria mesmo é ficar sem Ar.
       Sem Amar.
           Amar mesmo, nada.
               Nem sobras amara.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Sem tranca



Fiquei meio assim..
Sem porta, sem lâmpada
E nesse escuro sem tranca
O mundo sonhava comigo.

Post It



E que tome nota:
Bom humor mesmo é esse,
Que passa de um pra outro,
E nunca desbota.

Tão clichê quanto..


"[...]  Tirei o coração do bolso e percebi que ele já tinha umas marquinhas de cola. E que já tinha quebrado antes. E que alguém concertou. E que, nem eu, que usava o danado quase todos os dias, tinha notado isso.

Juntei os pedaços e percebi, sem lógica alguma, sem nenhum embasamento teórico ou argumento que o valha, que não importa se um coração foi partido. Enquanto puder ser consertado, vai transformar os dias mais simples em lindos vestidos verdes.

E lá estava ele. Antigo, surrado, colado e lindo.

Porque corações se desfazem e refazem como poucas coisas nessa vida.

E no final, como que por um milagre, estão quase sempre inteiros. [...]"

Poli Moura, do Plano Delta em:

Mais Alto.


Clarice Freire em Pó de Lua

Retalho


Arma-te de linha e agulha
E parte-me ao meio.
Vem cá e costura
Um pedaço maior de ti,
No meu coração.

Negócio da Miséria

 

  Tu, ostentosa criatura, que não admite subjuntivos ou advérbios, por demais carinhosos que sejam. Tu, que não aceitas apelidos e codinomes, por mais que à Cazuza reproduzam beija-flor. Tu que te alimentas da minha alma e larga o pó ao vento, toma numa bocada só uma fatia do que bate no meu peito. Uma fatia fria, dura e mal passada.
    Nós estamos quebrados e nesse negócio da miséria eu pago com ignorância o meu coração. Enquanto chove eu construo o monstro em mim tijolo após tijolo, e você não conseguirá decodificar. É uma emergência: a pressão nos esmaga no funeral e nós somos os fantasmas perdidos que nasceram pra isso... Mas para um pessimista eu sou até otimista, quebro a cerca - Deixe as chamas começarem!

Será que é dela?


" Não procure alguém que te complete. Complete a si mesmo e procure alguém que te transborde. "

- Clarice Lispector

Sereníssimo Musical


    Sou daqueles que acreditam que, como reza a lenda, a gente nasceu pra ser feliz... Sou um animal sentimental e me apego facilmente ao que desperta meu desejo. Procuro evitar comparações entre flores e declarações, mas não deixo de voar atrás desse amor, pois preciso encontrar um amor que me desperte desejo, sei lá, que me cale com beijo, desses que te fazem pintar o quarto de azul.
   Teus sinais me confundem da cabeça aos pés, mas por dentro eu te devoro. Teu olhar não me diz exato quem tu és e mesmo assim eu te devoro... Foi assim que abri os olhos e não quis me levantar, fiquei deitado e vi que horas eram. Nós dois nos encontrávamos todo dia e a vontade crescia, como tinha de ser...
   Então, naquele dia, junto ao mar, as ondas vinham beijar a praia, o sol brilhava de tanta emoção, um rosto lindo como o verão e um beijo aconteceu... Por isso a gente bem que podia se juntar de vez, mas você adora um Se...
   It's for all of this that I hate that I love you.

Crônica: Visita Inesperada



    Acordei de madrugada, uma sede dos diabos habitando minha garganta e uma garota seminua na minha cama. Não me lembro de ter dormido com ela. Em boa verdade, tenho certeza de ter adormecido sozinho.
    Mas ela está lá como uma evidência irrefutável da própria presença feminina no meu leito, e ela não é você. Por uma infelicidade casual, é de frequência estúpida a quantia de vezes que fico só no desejo semi-satisfeito. Consequência de uma gula indecorosa que me devora eternamente.
    Minha sede dos diabos vem acompanhada de um calor dos infernos. Os lençóis em brasa do contato com a minha pele sempre febril.
    E revirei-me. Descruzei pernas entrelaçadas e caracóis de cima de mim e levantei tomando o travesseiro pela mão. Dois latidos e um miado de cumprimento, dois copos de água gelada, meia xícara de café requentado, uma página e meia de Assis. Voltei para a cama onde minha visitante permanecia inconsciente.
    Sem camisa na frente do ventilador, ainda consumido por calor, fiz um cafuné na menina e caí no sono.
    Acordei de manhã acompanhado.
     Acordei de manhã.
      Acordei sozinho.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Reza a lenda...



Conta uma lenda que Ruy Barbosa ao chegar a casa, certo dia, ouviu um barulho estranho vindo do seu quintal. Foi averiguar e constatou haver um ladrão tentando levar seus patos de criação. 

Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro com seus patos, disse-lhe: 

“- Oh, bucéfalo anácrono!!!… Não o interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. 

Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica, bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à quinquagésima potência que o vulgo denomina nada”.

E o ladrão, confuso, diz: “- Dotô, resumino… Eu levo ou dexo os pato???

Fiquem bem

Ladeira


Descante meu encanto como desversa meu verso invertido e estarás montando um coração como aquela bicicleta na ladeira, a sem freios.. Lembra da queda? A bicicleta não sentiu dor.

Um Poema De Heinrich Heine

Quando eu te desposar, teus dias
Serão dignos de invejas;
Desfrutarás mil alegrias
E ociosidade régia.

Hei de perdoar-te mau humor,
E queixas mas - é claro –
Se não cobrires de louvor
Meu verso, eu me separo.

A Arca Velha


Não há companhia mais prestável que a de uma boa navalha.
Com uma navalha se descasca a fruta, se fazem rocas e colheres, se casa o pão com o conduto e com uma navalha se amedronta o medo.
Sim, que o medo foge de uma navalha como o Diabo da Cruz.

De gregos e troianos


   Duas fases na parede; duas cores distintas que na monotonia de um discurso viram uma janela para o mar. A pungência de uma saudade mescla-se à sonolência abundante de uma manhã por demais célere, imergem-me numa inércia perplexa de fisiologia, mas a reatividade dos meus sonhos potencializa na solução inerte dos meus lábios fechados. Inquietos, meus dedos acompanham a valsa dos olhos e transbordam tinta, que jorra onde minha alma rachou, sabe-se lá quanto tempo atrás. A mesma boca faminta que saliva tinta e beija espíritos aquecidos pede emoções fortes com um desejo tão intenso que só Tântalo entenderia.
   E de gregos e troianos, minha Ilíada pessoal guiou-me a ser Ícaro e despencar no próprio Olimpo, antes que me abenmaldiçoassem com um pomo de ouro das Hespérides que me dão o dom de perder-me no julgamento dessas magníficas deusas. Historiadores e mitólogos saberão, Afrodite sempre vence, pois o amor é o tesouro humano mais desejado. Por fim, afoguei-me ao procurar alguém que me completasse e uma ninfa tornou-me uma flor de sacrifício. Os Ecos de minha voz sobreviveram por tanto tempo que aqui estou novamente, para não cometer o mesmo erro.
   Pois de gregos e troianos já me basta.

Meio Amargo


    O canto ressoa, como uma memória perdida. Ressoa como um desejo insatisfeito, ou uma sólida solidão. Seu peso prende como uma gaiola dourada. Seu toque, inefável, leve como pluma; efêmero. Uma brisa salgada... e doce. Passos apressados pressionam uma despedida mais breve que sonho saudável de inverno. E sobre sabor? Pensa bem... Um ardor escocês, taurina e adrenalina. Sal marinho, testosterona e café fresco... É por aí.
   O canto ressoa, como um alaúde suspenso. Ressoa como um coração taquicárdico, ou um sopro ofegante. Sua leveza flutua como duas dúzias de balões violeta. Seu toque, brusco, real como abraço; eterno. Uma chuva fria... e morna. Passos sem pressa anseiam um encontro tão breve quanto uma única dança ao som de forró. E sobre sabor? Nem pensa. Mas quem sabe um café com creme de nata natural e pedaços de chocolate... Meio amargo, por favor.

domingo, 18 de novembro de 2012

...


"Eu sou o que você sabe, o que não sabe e o que nem queria saber. Eu sou um pouco do que você não gosta... e muito mais do que poderia desejar."

“Aprendi a amar mais, o que foi uma benção. E aprendi a ser menos cínico com a vida, o que também foi uma benção, e inesperado. Viver pra sempre tão cínico e centrado teria sido muito sem cor.”

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Na Ponta do Mundo


 Via as ondas se quebrarem num muro de coral escuro e pedra salgada... Caminhara sob o sol daquele deserto infindável rumo à um passado distante, tinha ao lado companheiros antigos e novas amizades e ele. Ele amado. Ele protetor. Ele confiante, calmo e raivoso. Ele, O Mar.
Mesmo sem recursos, encarou o desafio pelo desafio e escalou e saltou pedras como o felino que, no fundo, era. E do outro lado, atravessado o abismo primeiro virou-se e lá estava. Naquele paraíso que era a ponta do mundo, o sorriso mais radiante que já vira. E um dos mais bonitos, sem dúvida. Sorriu de volta, obviamente. Seria impossível não fazê-lo. E caminhou para ela, de braços abertos, coração aberto, de espírito livre. E não poderia ser diferente. Até onde poderia perceber ela fazia o mesmo. E beijaram-se e espiaram em volta, risonhos, em busca dos olhos curiosos que viriam. E como um licor quente e alcóolico, desceu-lhes felicidade pela garganta. E riram-se. Amaram-se promiscuamente por um ou dois segundos. E mesmo que nunca mais venha a acontecer. Fora um momento único, inédito e fantástico. Para ficar guardado naquela ponta do mundo. O que vier depois fica como uma ideia que existe na cabeça.. Que não tem a menor pretensão de ocorrer e se amanhã não for nada disso, caberá só a mim esquecer...

sábado, 3 de novembro de 2012

A verdade?

Você não me conhece. Provavelmente não terá a mínima chance de conhecer.
É isso.
Só isso.
E a minha inquietude será a única onda que você verá no espelho superficial que eu sou para você.
E no fim, tudo que lembrará serão ondas e ecos.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O Vendedor de Rosas

- Moço, quer uma rosa pra moça?
-... Hmm... O que você acha da lua?
- Bonita moço..
- É mesmo?
- É. Igual sua namorada.
- Hahaha.. Minha namorada?
- É.. vocês tão abraçados aqui, na praia. Né sua namorada não?
- É. É sim.. Eu quero essa rosa aqui.
- Essa é 3 reais.
- Tome, tome. Quero essa aqui mesmo. Obrigado.
- Brigado moço. Sejam muitos felizes vocês dois.
- Seja muito assim você.
- Assim como?
- Criança.

domingo, 23 de setembro de 2012

Brisa



"Vamos viver no Nordeste, Anarina.
Deixarei aqui meus amigos, meus livros, minhas riquezas, minha vergonha.
Deixarás aqui tua filha, tua mãe, teu marido, teu amante.

Aqui faz muito calor.

Lá no nordeste faz calor também.
Mas lá tem brisa.
Vamos viver de brisa, Anarina."

Manuel Bandeira

E blues.



   A pista vazia e o som de tango. A pista cheia e o gelo seco. As mulheres bonitas e as pessoas esnobes.
E blues.
   Os dois mexicanos e a tequila. Os amigos mais próximos e a bebida. O sorriso no rosto e o primeiro passo.
E blues.
   A ausência e a alegria. A roupa de gala e boemia. A solidão e a fantasia.
E blues.
   Ai, solidão. Alô, sedução. Esgota-me a energia que já não aguento o jazz e a dança. Deixa-me mergulhar em triste azul. 
E blues.
   Toca estas notas graves e vazias, sopra-me o sax na alma. Ouço o som dos dados a quicar na mesa e risadas ecoando ao longe. Perdi sem nem saber o que me atingira, mas ora, ora... É um jogo. Nunca parei e pensei. Penso agora. 

Não dizem que azar no jogo é sorte no amor?

Amor...

E blues?

sábado, 15 de setembro de 2012

Sobre mulheres, álcool e X-duplos


   Estava seco, como uma caneta que escreveu demais. E vagava e vagava, a rir, encontrando e desencontrando, com companhias inigualáveis e fantásticas, mulheres de atitude com AC/DC no sangue e álcool... Muitas mulheres com muitas pílulas. Com
amigos de fraco caráter e muita honra. Estava perdido. Um poeta melancólico e um boêmio dividindo o mesmo corpo.
   Estava na hora de encontrar uma âncora, algo para infantilizá-lo e fazer brotar seu romantismo fajuto, estava farto de coisas falsas: falsas alegrias e falsas tristezas. Cheio de apetite por bebida e beijos doces. Era um leão sem savana, uma águia voando baixo num céu de jade. Faminto por corpos jovens e X-Duplos de esquina.
Não infeliz, mas não feliz ainda assim. Agradecido e satisfeito pelo que tinha e morrendo em si mesmo pelo que não tinha. Admirador de vestidos de verão, sorrisos verdadeiros e olhos curiosos. Escritor de palavras sem sentido e textos cheios de significado. Bêbado de felicidade e cerveja numa madrugada de sexta, esperando tudo de melhor da vida...
   Fanaticamente querendo despejar criatividade sobre a borda alta de sua alma. É complicado, sim, sem dúvida é. Mas sou eu.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Os Últimos Romances I


   "Sua pele era da cor da madeira de teca, escura e lustrosa. Os seus olhos eram de mel dourado e cintilante, como olhos de gato. Ele era magro e musculoso, com uma face régia e cabelos pretos como breu. Suas asas  negras refletiam a luz em tons de azul e roxo.

    A garota lembrou a si mesma de respirar.

    Lindo era a palavra certa para Tânatos - não bonito, ou intenso ou alguma outra coisa do tipo - ele era lindo como um anjo é lindo - atemporal, perfeito e remoto.

    Perto do anjo da morte ela se sentia como uma pilha de cinzas, a qualquer momento pronta para se desfazer e ser engolida pelo vácuo. Ela duvidava que Tânatos precisasse tocá-la para matá-la. Ele poderia simplesmente lhe dizer para morrer e ela o faria com prazer. Não só ela, aliás, qualquer um morreria em suspiro se aquele ser lhe ordenasse.

    Ela não queria mais pensar, não lembrava mais o motivo pelo qual o rapaz viera, não se lembrava de seu amor mortal, nem de seus desejos ou sonhos. Ela não queria lutar e assim cedeu e evanesceu [...]"

Crônica de Fim de Tarde


   Se encontravam há mais de seis meses, sempre no mesmo local. Revezavam-se em chegar primeiro, ora ele, ora ela. Pediam um café expresso e se encolhiam numa mesa de canto, até que o outro chegasse. Dividiam um café e uma história, ambos sem graça, conversavam sobre os dias e as noites.
   Ele insistia em acompanhá-la durante as aulas de arte, sentava-se num canto, quieto e lia um livro ou jornal, enquanto assistia a jovem esculpir vasos ou pintar telas. Ela o convidava para jantares humildes, um sessão de cinema, um beijo no estacionamento.
   Assim, pouco a pouco tornavam-se íntimos, mas como a ruiva cantou um dia - não se deve construir castelos sobre nuvens. Um dia ele sentou numa mesa de canto, agasalhado com um casaco que ainda tinha o cheiro dela, pediu um café e esperou. E o café esfriou. E o dólar ficou sob a xícara ainda cheia. E os passos foram-se sozinhos sobre a neve. E a mensagem no celular dizia adeus.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Sobre Peixes, Luas e Cores



O PEIXE

O Peixe saiu da água para comer a casca do coco. O Peixe era bem grande, o Peixe era malvado e comeu a planta; primeiro ele lambeu e depois comeu. Ai veio um monte de peixes pequenos que era o pai e a mãe do Peixe Grande, o filho chupeta, o peixe tubarão e o outro filho tubarão. Ai veio o mosquito pequeno e a formiga voadora. Os outros peixes subiram no Peixe Grande e subiu no cavalo vermelho e no branco e no tubarão de parque, um cavalo com carroça e outro sem carroça. E foram para o parque e tinha uma praia misturada com piscina e um escorrego de balançar e cai na água e tinha um avião vermelho, azul, verde, cor de laranja e branco.

O mosquito foi para água primeiro e depois a formiga voadora, eles voaram da água para o céu, e tinha uma lua amarela, eles foram primeiro para a lua e tinha uma porta na lua nos dois lados e eles entraram na lua.

Ai o Peixe (pequeno) voo com o cavalo, o cavalo foi para a lua com o peixe e pegou os peixes num cavalo branco, preto, marrom e vermelho. E eles voaram. Os peixes cairam. O Peixe Grande saiu voando com o cavalo. Ai o Peixe acordou.

Juninho, 2 anos. Janeiro de 1998.

[ Essa é a minha primeira história, ditada por mim e datilografada (DATILOGRAFADA) pelo meu pai.]

Dia Internacional da Mulher, Março de 2012



Elas são, indubitavelmente, a maior maravilha desse mundo. Por mais que tenham sido oprimidas no passado, são agora livres e nunca foi tão evidente quanto poder tem uma mulher.


Essas lindas e complicadas criaturas que colocam os homens nas palmas das mãos. Foram elas ou foi por elas que muitos dos grandes feitos foram feitos. Dizem que por trás de todo grande homem tem sempre uma grande mulher... creio que seja verdade. Dizem também que aquela mulher que o homem mantém ao seu lado é o espelho do homem que ele se tornou. Creio nisso também.


Mesmo que seja o sexo masculino a possuir o tabuleiro, quem move as peças são elas. Elas. Elas enfrentam muito mais do que lhes seria devido e ainda assim são o sexo frágil, como espadas de vidro, capazes de ferir e se proteger, mas ainda assim são tão quebrantáveis... É claro que mesmo tendo defeitos, podemos considerar tantas delas como perfeitas e, obviamente, cada homem quer uma dessas perfeitas imperfeições ao seu lado.


Eu poderia passar horas escrevendo sobre esse presente da natureza que éo sexo feminino, mas irei me resumir:


__ Parabéns mulheres, moças, meninas, por serem os mais belos seres nessa verdejante terra de Deus, as mais complexas charadas, o maior estímulo, a grande felicidade, o outro lado da moeda e o vício e ruína de todos os homens... por serem mães, protetoras e professoras, guardiãs, guias e companheiras, esposas, namoradas, noivas e tudo o mais. Pois afinal não seríamos nada sem vocês.



Parabéns pelo seu dia.



Sam... para o Dia Internacional da Mulher

Eu pulo se você vier.

Baseado em Pó de Lua: II Ato: Você vai, Eu Pulo. de Clarice Freire em Pó De Lua


   Ambos sabemos que a vida não espera, minha amiga. Creio e espero que ainda possa chamá-la assim. Paramos a meio caminho, diga-se de passagem... e de passagem é que aconteceu, de passagem poderia ter ido embora. Mas não foi. Confessei meus apetites, cada um deles. Larguei de inibição e aticei a fogueira.
   Mas, embora eu seja um sujeito paciente, não sou dado a meios termos. "Um dia, sem esperar" não me é suficiente, quero deixar claro. Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa é apenas a de ainda insistir em esperar.
E esquecer que a vida não espera. Então, deixo-te avisada, ou é ou não é. Dizia Parmênides que o ser é e o não ser não é. Por favor me diga um não e me liberte da fome que me doma a alma cada dia mais. Ou diga sim.
Eu deitei na areia, porque ainda me resta um pouco de medo de altura - e quem não tem? - mas se eu estou aqui embaixo, de braços abertos, qual é o teu problema em se atirar?
Que tal dar um basta nos talvezes e dizer que sim, oras! Já começou, então chuta o balde e me avisa, porque eu tô doido pra me molhar.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Sem vergonhas

   Desejos antigos me consomem, só a fúria da atração, só a carne e o sangue, o pulsar da vida nas suas veias. Quero tomar-lhe toda e todo o desejo irá consumir a si mesmo. Queimará vivendo e morrerá queimando.

   Há um grito em mim. Quero arrancar-lhe as roupas. Quero vê-la despida de tudo e qualquer coisa, quero olhar para a sua alma enquanto colocar você contra a parede de uma sala escura. Quero sentir a vida pulsando através da sua pele, quero tomar-lhe toda por uma mordida no pescoço. 

   Desejo vê-la sem ar ao ofegar o meu nome. Quero deixá-la em ruínas, sem forças para mais nada. Quero destruí-la para construí-la novamente. De novo e de novo até consumir todas as minhas vontades ou toda a sua força de vontade, o que vier primeiro. Quando não restar mais nada dessa casca dura que te protege, quando não houver mais nenhum instinto de defesa, quando você estiver quebrada e ofegante, só e somente aí talvez eu me permita me apaixonar.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Em vão


   O ser humano parece ter perdido a poesia... A poesia não se resume à estrofes e rimas, a poesia ao meu ver é uma parte essencial da alma humana. Algo entre a criatividade e o otimismo, entre a melancolia e a expressão.
   A poesia faz da dor uma espécie de arte, a poesia torna o mistério da vida algo mirabolante que desafia a sensibilidade, ela nos pede para escapar do óbvio, nos leva a buscar entrelinhas, e criá-las.
   A poesia é que dá ao artista um olhar transcendente da realidade e o leva a pintar, não o que ele vê em si, mas a ideia pura e limpa daquilo que existe materialmente. Daí surgem os verdadeiros gênios: são aqueles que compreendem a existência da poesia como uma parcela fundamental da genialidade, que a incitam e usam-na conscientemente no cotidiano. Semeando-a naqueles que possuem a mente aberta para ver o mundo de outra forma.
   A poesia é como a liberdade, quando está presente, logo se esquece dela, mas quando é retirada, logo sente-se sua ausência, claro, se você tiver consciência da existência dela. A humanidade parece estar sem rumo... Pararam de se perguntar verdadeiramente de 'Onde viemos?', 'Para onde vamos?', 'De onde veio o Mundo?'.
   E não só... Estão muitos se satisfazendo com o mínimo, com a monotonia e o marasmo de uma vida estagnada poeticamente. Não mais produzem, não expressam, senão ideias repetidas e sem mistério, sem poesia, uma falsa arte.
   E os últimos 'Cavalheiros' e as últimas 'Damas', os últimos defensores da arte e da poesia, como eu, tentam quase que em vão, salvar essa donzela chamada Poesia.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Meu nome não é Fitzgerald

Acho... acho que tenho asas grandes demais para ficar preso... quem está ao meu lado deve voar comigo e nunca, sem exceções, me prender ao solo. Não sou o tipo de pássaro que vive e morre numa gaiola.
Não vivo de festa, não vivo de farra, nem de poesia, como acham alguns... Não vivo de letras, de livros e de números como querem acreditar muitos outros. EU vivo de felicidade, para a felicidade e pela felicidade, seja com qual nome ela vier.
Faço o melhor o por mim e por quem faz me de companhia. Meu destino é mais e mais alto, conforme eu vou avançando e meu horizonte se afasta mais e mais. Nunca paro de evoluir por ninguém, mas faço de tudo para que evoluam comigo. Não há obstáculos no meu caminho.

Eu sou o fogo e o gelo. Não sou instável, mudando do quente para o frio... Eu sou, de forma incompreensível, ambos, ao mesmo tempo. Sou um rio que se expande conforme fica mais velho, e consumindo meus impedimentos, os torno em pó. E nunca paro, pois o monte eu destruo e a montanha eu contorno.