Reconheço-me, mas diferente. Não sei atrás de que porta estava escondida essa parte de mim.
Não é apenas esse ardor que nunca se vai, ou essa paixão pulsando compulsivamente no meu peito. Nem mesmo essa necessidade insana de tê-la sempre comigo.
Esse amor sábio, maduro, puro... Ele se propaga, prospera. Reproduz esse brilho diário e se metamorfoseia todas as noites.
Seja lá que porta o guardava, ela a pôs abaixo com a gentileza cálida de seu carinho, com a firmeza de sua dedicação e a fúria de seu desejo.
Me cativou. Com seu amor, com seu olhar, com sua vida.
Me deu propósito.
Agora está presente mesmo na ausência.
Vejo-me, na companhia familiar da madrugada, imaginando futuros, esperando um amanhã em que seu calor e seu abraço substituirão minha insônia. Vejo-me planejando casas, cães e filhos.
Reconheço-me diferente...
E gosto.