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segunda-feira, 28 de abril de 2014

Fiz as malas para o sábado.


    Meu bem, te escrevo para demonstrar um tanto do profundo amor que sinto por você. Nem mesmo que cantasse todas as músicas ou escrevesse todos os versos poderia descrever a extensão desse sentimento, mas não me canso de tentar.
    Minha história se divide em duas, antes e depois de conhecê-la. Se agora essa história - minha história - pode se tornar a nossa história, não hesitarei um segundo sequer. Não precisamos saber para onde vamos, nós só precisamos ir. Juntos.
    Se era difícil admitir que havia me apaixonado, hoje até quem me vê lendo o jornal na fila do pão sabe que eu te encontrei.
    Os anos passaram e eu posso afirmar que:
    Eu sei que vou te amar por toda a minha vida, desesperadamente. À espera de viver ao lado teu.
    Eu sei que nosso amor não vai morrer e vou pedir aos céus, você aqui. Comigo.
    Haverão tempestades, é claro. Mas eu estarei aqui contigo. E quando a chuva passar, abra a janela e eu serei teu sol.
     Dizem que é difícil encontrar o caminho das pedras, mas nós sabemos que não é bem assim. Não enquanto vibrarmos em outra frequência.
"Every time I hold you I begin to understand"
   Não importa se estivermos distantes de tudo. Não importa se só nos restar um minuto para o fim do mundo. Eu adianto um dia no trabalho, eu pinto todo o céu de vermelho, para ter um segundo a mais ao teu lado.
"Põe um sorriso na minha cara..."
   E se você quiser, a gente foge daqui um dia antes... Para uma praia, onde tenha sol; para qualquer mar, em um navio a navegar... E se for pra casar no domingo, eu fiz as malas para o sábado. Não importa para onde vamos. O que importa é que seja com você. Leve, firme e para sempre.

 "Então, vem pra perto de mim?"
  

terça-feira, 22 de abril de 2014

Quatro Besouros

   Acordei com quatro insetos zumbizando no meu ouvido. Não sou um grande fã de insetos, mas quem me conhece sabe que eu não costumo matar os coitados exceto se me picarem ou me encherem o saco (todo mundo tem seu limite).

  Mas esses besouros eram de outro tipo. Engravatados, com aquela cara de "hey, jude, don't make it bad", sabe? Quase como se tivesse pulado fora dos anos sessenta pra minha cabeceira. E eles me entendiam, quase tanto quando o Elvis me entende.

   "Vou fingir que estou beijando os lábios dos quais eu sinto falta e torcer para os meus sonhos virarem realidade" - me disse um deles, antes de me piscar os olhinhos como quem não sabe de nada. Ele sabia de tudo. Safado. Sabia exatamente o que se passava na minha cabeça.

   "Oh, me ame! Me ame de verdade!" - zombou outro, voando para longe do meu olhar furioso e repetindo. Zombando, zumbizando: 

   "Você já sabe que te amo, sempre serei fiel. Então, por favor, me ame de verdade."

   Maldito.

   "Um amor como o nosso nunca poderia morrer, contanto que eu tenha você perto de mim." disse o terceiro, com sobriedade. Ele sabia. Ah, ele sabia. E ainda me olhou cruelmente, sabendo que eu não a tenho perto de mim.

   Mas o último besouro não riu. Não zombou. Mas, zumbizando, me mostrou que todos eles acreditavam em mim. Não era zombaria. Me trazendo lágrimas aos olhos, o quarto besouro falou como a luz da esperança no fundo da caixa de Pandora e os outros repetiram:

"Deixe estar. Não haverá tristeza... Sussurrando palavras de sabedoria... Deixe estar."




Elvis nos entende.

   Estávamos na fossa, os dois. Ele, amado, amando, distante como só um coração pode saber. Eu, desejado, desejado, perto como só um coração pode saber.

   Sofríamos por motivos diferentes, mas dores parecidas.

   "É, amigo, estamos no fundo do poço."

Like a river flows, surely to the sea,
Darling, so it goes somethings are meant to be.
Take my hand, take my whole life too.
For I can't help, Falling in love with you
   Tivemos a sorte, boa ou má, de nos apaixonarmos por mulheres muito  parecidas; com resultados tremendamente distintos.
   Não posso dizer nada por ou para ele, que possa parar essa dor ou reverter o que se passou dentro dele, assim como não posso fazer por mim. Elvis estava certo sobre ambas as nossas situações, quando disse que assim como um rio corre certamente para o mar, algumas coisas estão destinadas a acontecer.
    E aconteceram. Lentamente, sem que eu pudesse perceber. Sem que eu visse ou sentisse se mover.
    
    É, eu não consigo evitar me apaixonar por você.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Isto não é um jornal.

Criatividade é algo difícil de entender. Uma parcela profunda da mente humana, uma parcela grande - até demais - de mim.
É pra dar vazão a essa enxurrada de ideias que me permeia a cabeça que eu escrevo. Mas criatividade tem mais de um sentido. Nem tudo que eu escrevo é real. A ficção faz parte da textura de qualquer conto, qualquer crônica.

Não vou - ao ponto de ser hipócrita - dizer que não sou por vezes instigado ou inspirado pelo que me passa nos dias e noites, mas é ingenuidade demais ou malícia demais, vejam só, achar que aquilo que ponho em letras é um jornal a ser publicado sobre minha vida.

A estes que se debruçam em especulações, deixo meus pêsames. Pois se forem ingênuos hão de sofrer daquilo que os humanos têm de pior e se não forem, hão de ser o que os humanos são de pior.

E é só.

domingo, 20 de abril de 2014

(Dis)solução

Preciso dissolver. Me dissolver. Resolver todos estes maus entendidos. Tudo aquilo que entendo por mau e - ai de mim - indissolúvel.

Indissociáveis, meu corpo e minhas paixões internas. Não há como solubilizá-las. Estão impregnadas em cada fibra de miocárdio. Intrínsecas à minha dor.

Preciso de uma solução. Um ponto final para toda e cada questão. Uma vírgula de intermédio.  Um sinal de mais. Para somar, inexata, outra pessoa. Para subtrair um interposto de seu coração. Sem razão a não ser uma dose extra de egocentrismo. Insuficiente para me manter satisfeito.

sábado, 12 de abril de 2014

Clic.

Foto de Nate Walton em http://papodehomem.com.br/18-bom-dia-nate-walton/

   Repetidamente apertei o botão da câmera, ouvindo o estalar repetir, enquanto as lentes piscavam seus olhos, gravando - estáticos - os primeiros minutos do amanhecer que se espreguiçava sobre a pele dela.

  Sinceramente, "morrer de amor" nunca fez tanto sentido. Ainda que eu me sentisse mais vivo do que em qualquer outro momento dos meus longos e intensos vinte anos. Agora entregue, ela me deixou enxergar verdadeiramente o que havia de mais sensual atrás aqueles orbes dourados que traz no lugar dos olhos. Seus sorrisos e expressões iluminavam cada foto com a lascívia de uma noite parisiense.

  E de falar na cidade luz, acho uma metáfora. Aqui, junto dela, foi como se estivesse subindo a Eiffel, chegando mais e mais perto do céu.
  
  Cá entre nós, a campainha de São Pedro definitivamente tem o som de uma câmera fotográfica. E eu continuo pedindo para entrar.

  Clic.

terça-feira, 8 de abril de 2014

Sinceramente.

   Não é uma carta, mas é quase. Ignorando o fato de estar aqui colada no parapeito do meu coração, tipo um outdoor, contém toda a sinceridade que cabe na ponta dos meus dedos. E há tantos medos nessas vírgulas que na medida do possível te peço para não ignorar.
   A tempestade que veio realmente era da cor dos teus olhos. Castanhos. E agora não sei mais para onde olhar. Seu furacão bagunçou tudo aqui dentro como um ataque marciano. Acendeu um destes fogos que ardem sem se ver. Abriu uma ferida que dói.

   Uma ferida que eu sinto e não tem beijo que sare além do seu.

Sobre insônia e risco

    Não, eu não consigo dormir. Tal qual aquela noite, mas desta vez mais distante. Aqui no escuro eu me predisponho a arriscar nem que seja pra reviver uma lembrança ou mergulhar numa esperança sem sentido. Mas na verdade estou aqui sentindo cada molécula agitar por você, gritar por você, ruir sem você. E dói. Como a sede implacável do vampiro que, insanável, consome pouco a pouco a sanidade. E dane-se a diferença de idade! Peço licença para entrar na sua vida, se me aceitar. E se não, peço perdão, pois estou entrando ainda assim.