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quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Lulu, Tubby e a Guerra (Digital) Entre os Sexos, por Danielle Oliveira

   "Ai, fazer um aplicativo pra analisar as mulheres é muito machista, nossa", disse a menina que estava enchendo os guris de hashtags rotuladoras no tal de Lulu.



    Pimenta no dos outros é refresco, né?!
   
     Tanto que lutamos pelo direito de sermos simplesmente mulheres, sem rótulos, sem estereótipos, sem dedos apontados, e aí me vem esse tal de Lulu... Em primeiro lugar, por que criar um aplicativo pra fazer com homens o que tanto reclamamos quando fazem com a gente? Não acredito em justificar um erro com outro erro. Não faça aos outros o que não quer pra si. É simples.
     Segundo lugar, não duvido que alguns homens achem a polêmica exagerada. A brincadeira, realmente, acaba sendo mais divertida pra eles. Mas, mulheres, só venham me dizer que é “só uma brincadeira” depois que lerem lá no seu perfil do Tubby (que, aliás, não pede permissão ao usuário pra existir) que você "engole tudo" ou "curte tapas", por exemplo - essas são as hashtags do aplicativo pra analisar as mulheres, enquanto as dos homens tiveram uma conotação BEM menos sexual. “Vão ter que aguentar”, disseram alguns amiguinhos. O Tubby, que começa a funcionar amanhã, chegou como “resposta” ao Lulu e isso tudo me parece a evolução (tecnologicamente falando; socialmente: retrocesso) da mais repulsiva guerra de sexos. Fiquei envergonhada por algumas mulheres "brincando" com o Lulu e, paralelamente, reclamando por serem taxadas de N coisas diariamente.
       Li algumas mulheres utilizando o argumento de que a brincadeira serve como vingança pelos julgamentos que somos vítimas diariamente, mas - como eu disse - não acredito em justificar um erro com outro erro. Que melhor forma de “vingança” do que sermos mulheres independentes e superiores a isso? Por mais que nós sejamos prejudicadas de uma forma bem mais radical pelas diversas formas de preconceito e repressão – inclusive a diferença da conotação das hashtags nos dois aplicativos pode ser exemplo disso -, isso não torna menos errada a criação, a princípio, de um aplicativo pra avaliar homens. Na minha opinião, qualquer coisa que implique a limitação do direito de ser livre é ruim. Pra qualquer gênero.

     E, muito obrigada, mas minhas atitudes dizem respeito a mim somente (e a quem EU quiser) e nenhuma hashtag nem nenhum rótulo moderno recheados de hipocrisia têm direito de apontar o dedo pra mim. “Arreguei” com orgulho.

    Danielle Oliveira dando um show de sabedoria num comentário de Facebook, demonstrando (na minha não tão humilde opinião) a inteligência que trouxe todos os avanços sociais que atingimos neste novo século.

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