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segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Sinais de Trânsito

     As buzinas discutem no meio do burburinho dos motores, das rodas correndo no asfalto. Os olhos amarelos se arregalam e passam correndo, enquanto os olhos vermelhos semicerrados vão se alinhando ao longo da avenida. Nós passamos correndo também. Ora para o mesmo lado, ora cruzamos destinos, sem reduzir.
    Há poucos sinais vermelhos. Vermelhos de paixão, menos ainda. Há muitos sinais verdes de inveja, de asco. Há muitos sinais amarelos de ansiedade, chamando a atenção para coisas fúteis. Há muitas placas nos dizendo a que velocidade seguir, mas poucas dizendo para aproveitar.
   Há câmeras. Algumas de segurança, outras de vigília, outras nem tem significado algum. Olhos de passagem.
     Há muitos estacionamentos, mas parece que nunca há uma garagem. Os postes estão sempre acesos. As ruas, sempre lotadas de gente. As nuvens, sempre nubladas. Nós, sempre apressados e atrasados.
     Há muita potência e pouco espaço para atirar. Por isso estamos sempre errando... Por muito pouco, por muito... Causando danos. Arranhões, para ser exato. Nada grave, é verdade, mas arranhões ardem como o inferno.
    E esse não é o tipo de fogo que eu gosto de acolher. O que é delicioso de provar é um fogo recíproco. Para pôr abaixo essas regras estúpidas, para despir as roupas, tornar em cinzas esses receios vãos até restar apenas a estrada com uma única placa vermelha.
    Uma placa grande e vermelha, ordenando:


   "Pare. Ame."

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