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sábado, 23 de novembro de 2013

Protesto amoroso por mais noites de prazer independentes de sexo

   Vá lá, minha vida amorosa é muito agitada, admito. Já tive muitas mulheres, muitas por pouco tempo, algumas poucas por um hiato mais longo - mas ainda assim, curto. Não me entenda mal, eu não quis tê-las. Nunca quis ter fama de (odeio essa expressão) "pegador".
   Eu me apaixonei por cada uma, cada uma a seu tempo. Amei algumas delas. Algumas continuo amando, não nego. De tal forma que muitas delas tornaram-se amigas próximas, outras são - ainda hoje - colegas de farra. Com outras tenho até casos inconclusos (que talvez permaneçam sem conclusão até o fim da vida).
    Mas estou escrevendo para expressar a minha frustração para com a paupérrima visão masculina e o aproveitamento quase nulo de tais aventuras por parte dos meus compatriotas de gênero. Permita-me fazer clara esta reclamação.
    Sempre que abro uma conversação com um amigo, falando de alguma paixão recente, um caso mais ardente ou semelhante, ocorre algo mais ou menos assim:
     
      "Cara, saí com uma garota ontem... Você não vai nem acreditar!"
     "Eita (ou qualquer exclamação parecida)! Conheceu onde?"
     "Faz umas semanas aí, começamos a conversar na fila da biblioteca (ou qualquer cena parecida)"
     "Ela é boa? (ou 'elogio' semelhante)"
     "Ela é linda, meu irmão, tenho nem palavras."
      "Mas e aí, comeu?"
      [Fim da conversa.]

     Não importa se fomos ao único restaurante verdadeiramente italiano em Maceió; se passamos horas regando conversa com vinho à beira mar; ou se competimos quem gritava mais num filme de terror classe B... Se não comeu, não vale. Essa parece ser a - estúpida, diga-se de passagem - regra para os círculos masculinos de amizade (com exceções, enfatize-se, ainda que poucas).
      Deixo este apontamento irritado, pois creio que simplesmente há uma supervalorização do sexo. O contato humano é muito mais que isso, a diversão pode vir de inúmeras maneiras, mas quem tem essa restrita visão está fadado a uma vida de noites de frustração, mentiras de bar e apenas pontuada de boas memórias, quando poderia ser uma sequência infindável de momentos inesquecíveis.
  
      Eu digo: Basta! Vivamos para encontrar e aproveitar todos os prazeres. Sejam eles da mente, sejam eles do corpo. No entanto, que sejam do corpo por inteiro e não apenas de um pedaço.

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