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quarta-feira, 10 de julho de 2013

De Tinta

   

     Acredite, eu sei como é, parece que não sou desse mundo. No mundo em que nasci, o azul do céu é cor de tinta e a terra tem cheiro e textura de páginas antigas, de pergaminho. Os beijos são mais doces, os olhares mais longos, os finais são felizes.
    Quando há sombra, faz frio e todos os homens tem de morrer, mas na primavera o sol sorri, a chuva nos traz felicidade e à noite fazemos nossas próprias luzes, dormimos ao som de cochichos sussurrantes, promessas de amor e histórias — contos inacabados. Mesmo que tudo seja finito, vivemos dia pós dia, com a certeza de que tudo é infinito. É simples assim, prosseguindo página e capítulo, Carpe Diem, por paixões e ódios.
     Onde nasci todos renascem imortais como runas em pedra, tênues como um arco-íris, reluzentes como o sol, múltiplos como estrelas e por vezes não sei distinguir, como a borboleta e o sábio chinês, se nasci história e virei homem, ou nasci homem para virar história.

Sam Cromwell

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