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domingo, 14 de julho de 2013

De volta a Salvador

   Já não vinhamos a Salvador há muitos anos... Nos víamos quase todos os dias, mas ainda assim, nunca estávamos lá. Você deve entender bem a sensação.
   Estivemos apaixonados em algum momento, isto é certo, mas ora eu estava indisposto a ser só seu, ora você não queria mais ninguém além de si mesma. Seja lá o que fosse, acabava que nunca tínhamos aquilo que o outro mais desejava.
   Houveram recaídas... Ah, se houveram! Rio só de pensar no quão cômicos foram esses episódios, choro só de lembrar a tragédia de nunca se prolongarem além de uma única noite, uma meia dúzia de beijos e uma inteira de abraços. Cômico, se não fosse trágico. Trágico, se não fosse cômico.
   E rememoramos numa troca de cartas sem terrorismo. Um 'Ok" às vezes era o suficiente, outras vezes, ambos sarávamos feridas antigas.
   Enfim, puseste fim nessa rapsódia. Oh, Glória! Ainda bem que o fizeste, já estava exaurido de tanta paixão coquete e - obviamente - eu era incapaz de o fazer. Sou poeta demais, apaixonado demais, acostumado demais com o amor para me livrar dele.
   Assumo que me apaixonei mesmo pelos seus erros. Agradeço que seus acertos foram certeiros o suficiente para bastar-nos. Pois então, ouvi e obedeci, isso está claro. E agora os planos a dois foram concretizados por um único par de mãos, sem oração alguma.
   Se os correios forem eficientes, minha carta deve chegar antes do seu casamento... Então, felicidades! Não comparecerei, pois você cumpriu com o tácito acordo de não comparecer ao meu, mas espero-te na estreia do meu filme... Aquele mesmo que comecei a escrever na amada cidade de Salvador. E na amada  cidade de Salvador, espero reencontrar-te no fim, como conjecturamos. Noutra vida, tentaremos outra vez... 
Com carinho,
Bell.

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