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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Carta aPóstuma


     Querida Dona Morte,
    Vista suas melhores roupas quando vier me buscar. Eu sei que te falam para vestir-se de preto, mas eu prefiro branco, principalmente se for um daqueles vestidos de verão que vão até o meio das coxas - são os meus favoritos.
     Quando chegar, me diga a verdade e me dê um sorriso sincero, caridoso. A cumprimentarei como uma velha amiga ou a maior amante. Abrace-me com carinho para que eu não sinta frio e afague meus cabelos para que eu lembre que houveram pessoas que quiseram cuidar de mim. Me beije com paixão para que eu recorde uma última vez do meu amor mais ardente e não ligue muito para uma mão esperta que por acaso lhe suba pelas pernas, entregue à lascívia.
      Você é uma visitante inesperada, bem sei, mas acho que só faz o bem vir nos acordar do sonho que é a vida. Deixo-te avisada só para o caso de ter me esquecido quando chegar a hora de sua vinda, ainda que eu acredito estar muito distante, pois nem telegrama me enviaste.
     Enfim, espero que receba minha carta e que me ouça. Lembre dos meus pedidos, para que sua inevitável chegada corra nos meus termos... (Sem pressão. Ha, ha.)
     Até lá, passe bem.
Att,
Sam.

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