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quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Dualidade


  Há ratos no telhado e traças sob os lençóis. A sombra de fim de tarde se alonga sob as acácias, enquanto os último rastros áureos da estrela solar se espreguiçam antes de adormecer.

  A feiura e a decadência se enroscam num abraço lascivo com a beleza natural e o encanto pueril da materialização onírica das obras divinas sob o róseo e o anil do crepúsculo.

  A gralha e o corvo lamentam o coro dos comedores de mortos sobre lápides de mármore branco, farfalhando suas asas escuras contra a brisa que acaricia os lírios e as margaridas pálidas que brotam do solo negro.

  Esta dualidade cíclica demonstra o equilíbrio entre as feições do mundo. Uma moeda de vida e morte, reproduzindo o tintilar que ora suspira tristeza, ora urra felicidade.

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